UEL desenvolve ferramenta de Inteligência Artificial para Gestão Pública 19/10/2020 - 17:52

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) está desenvolvendo um projeto que utiliza ferramenta inédita de Inteligência Artificial para ampliar e fortalecer a transparência na Gestão Pública. Envolvendo recursos financeiros da ordem de R$ 511 mil, a solução tecnológica foi encomendada pelo Conselho Municipal de Transparência e Controle Social de Londrina (CMTCSL), órgão de caráter consultivo, responsável por estabelecer diretrizes e instrumentos para a Política Municipal de Transparência e Controle Social.

Denominado Projeto Kavá – Inteligência Artificial para o Controle Social, a plataforma prevê dois sistemas. O primeiro se baseia em BigData, para assegurar mais transparência às ações do Poder Executivo Municipal. Já o segundo consiste em uma ferramenta de busca, extração, catalogação e avaliação de editais públicos, a fim de detectar inconsistências de forma ágil.

“A Universidade não apenas forma profissionais, mas responde a demandas. Nesse caso, utilizar o BigData para controle social é algo inédito e um exemplo de inovação”, afirma o coordenador do projeto, professor Jacques Duílio Brancher, que também atua como coordenador do Curso de Pós-Graduação em BigData, Deep Learning e Internet das Coisas (IoT) da UEL. O docente confirma o potencial de crescimento exponencial do projeto, que pode se tornar, inclusive, um modelo internacional.

O Projeto Kavá será viabilizado pela Fundação de Apoio do Desenvolvimento da UEL (Fauel). No piloto, serão contempladas duas secretarias e duas autarquias municipais, a serem definidas pelo CMTCSL. Nessa fase, serão trabalhados três eixos: metas e indicadores; capacitação e engajamento; e prevenção e combate à corrupção.

O presidente da CMTCSL, Auber Silva Pereira, destaca os três tipos de controle no Setor Público: Interno, realizado pela Controladoria Geral do Município; Externo, realizado pelo Ministério Público (MP) e Tribunal de Contas; e Controle Social, exercido pela sociedade em geral, respaldada pela Legislação. “O desafio é promover uma transparência ativa e menos burocrática”, salienta. Para ele, um sistema aprimorado de fiscalização e monitoramento pode mudar a perspectiva da população e dos próprios gestores públicos, no processo de tomada de decisão.

A iniciativa conta ainda com a participação de outros professores do Centro de Ciências Exatas (CCE) e do Centro de Educação, Comunicação e Artes (Ceca) da UEL: Rodolfo Miranda de Barros, especialista em Governança de Tecnologia da Informação (TI), do Departamento de Computação (DC); Vanessa Tavares, especialista em Interface Humano-Computador, do Departamento de Design (DGN); e Benjamin Franklin, especialista em BigData, do Departamento de Ciência da Informação (CIN). O projeto também abrange estudantes de graduação (3), Especialização (3) e Mestrado (3).

PROJETO KAVÁ – Estruturado em 18 meses, o plano de trabalho prevê uma etapa para avaliar a infraestrutura de hardware e software dos órgãos públicos, para identificar o fluxo de informações (origem, destino, circulação). Depois, será elaborado o sistema de busca para envio ao armazém de BigData. Essa fase será desenvolvida em conjunto com a área de TI da Prefeitura Municipal de Londrina. Serão usadas técnicas de Analytics para avaliação de dados.

O professor Benjamin associa a Transparência diretamente ao Controle Social. Segundo ele, abrange igualmente a Indústria 4.0 (tecnologias de automação e troca de dados), sob o conceito de cidades inteligentes, que otimizam quaisquer recursos para os cidadãos, desde a mobilidade urbana às informações. O Kavá vai trabalhar com dados objetivos, voltados para o cidadão, e pode se desdobrar em uma série inimaginável de produtos, como aplicativos e outras soluções tecnológicas. “A ideia é estruturar a base”, sintetiza.

O sistema BigData é indicado para tratar, analisar e obter informações a partir de conjuntos de dados grandes demais para serem analisados por sistemas tradicionais, com mais rapidez e eficiência, identificando os dados mais importantes. O Analytics é o uso aplicado de dados, análises e raciocínio sistemático para seguir em um processo de tomada de decisão muito mais eficiente.

Na avaliação do professor Rodolfo, além de o BigData apresentar um aspecto favorável, inclui outras fontes de informação. Na prática, significa que cria um ilimitado repositório de informação, que depois podem ser organizadas e disponibilizadas em aplicativos, conforme as necessidades e demandas dos interessados. “O sistema permite capturar os dados, entender sua origem, fonte, grau de sigilo e determinar como exibir a informação”, comenta.

Já a professora Patrícia está responsável pela dimensão da usabilidade das informações, para que sejam consistentes, claras, compreensíveis à população em geral, permitindo interatividade.

CENÁRIO – De acordo com levantamento realizado pela equipe do projeto, a Prefeitura Municipal de Londrina dispõe de 15 secretarias e 11 autarquias, no entanto o Portal da Transparência apresenta somente dados gerais. As informações estão alocadas em sistemas específicos, que dependem de operadores para serem disponibilizadas. Os principais desafios consistem na obtenção de informações de forma rápida e fácil; na necessidade de formalização das solicitações de informação; e na celeridade das respostas.

Por isso, a plataforma de BigData Analytics foi escolhida como solução, para centralizar as informações de diferentes secretarias e autarquias, visando entregar com rapidez informações relevantes para as ações municipais e o Controle Social. Como a plataforma vai permitir cruzar os dados com quaisquer outras bases, será possível avaliar de forma precisa os indicadores nacionais e internacionais de qualidade de vida da população londrinense.

Quanto à busca para editais, a plataforma vai viabilizar a extração de dados da página, como produtos, preços, prazos, entre outros, e o cruzamento com ferramentas disponíveis no mercado, identificando inclusive possíveis discrepâncias de valores.