CINETVPR é embrião de pólo do cinema paranaense 30/08/2007 - 10:00

Conhecer a primeira escola pública e gratuita do Brasil e da América Latina a ensinar exclusivamente cinema e televisão revela o embrião do que será um pólo de cinema paranaense. Em meio à natureza do Parque Newton Freire Maia, localizado na Estrada da Graciosa, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, os estudantes participam das aulas, ministradas em módulos, e já vêem o resultado do aprendizado nas produções de curtas-metragens e outros projetos, com diversas premiações regionais e nacionais, várias amparadas pela Lei Rouanet.
“A gente montou um pólo de cinema no Paraná, que daqui a um ano estará concretizado”, diz o coordenador técnico da Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV (CINETVPR), o diretor cinematográfico André Faria, ao apontar as instalações e modernos equipamentos, como a imponente grua em uso na entrada do pavilhão. Quando chegou ao Paraná, há 24 anos, Faria constatou que havia aqui poucos profissionais da área de cinema e a criação da escola, segundo ele, favorece o aprendizado em audiovisual e incentiva a formação local, regional e até mesmo latino americana.
Essa previsão, segundo ele, vai se cumprir em breve: “Estamos com cinco turmas e a cada vestibular aumenta a procura. Daqui a dois meses, serão inauguradas as obras que ampliarão nossas instalações. O quadro de professores tem sido ampliado, tanto com contratações temporárias, feitas por meio de testes seletivos, como por meio de recentes concursos realizados pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP)”, disse Faria.
A CINETV tem um projeto de atividade específico. A parte acadêmica é vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O plano de metas da escola está estabelecido no Plano Plurianual do Governo do Paraná e, a partir de 2008, a instituição ocupará integralmente o antigo pavilhão internacional do Parque Newton Freire Maia.
Roteirista, diretor e produtor de teatro, cinema e tv, com mais de 40 anos de atividade profissional, Wilson Rocha é professor de roteiro na CINETV. Criador do Sítio do Picapau Amarelo, atualmente ele concilia as aulas em Curitiba com atividades realizadas no Rio de Janeiro. “Estou produzindo dois filmes – o musical ‘Oba, estamos de volta’ e ‘Passageiros do futuro’, baseado num livro meu – e a peça do Ziraldo ‘O dia em que o Brasil fez bum’. Além disso, trabalho com o projeto Rodízio de Teatro, com seis títulos de peças”, informou Rocha.
Pelas mãos do autor, que tem 20 livros publicados, também passaram os programas da Xuxa e da Angélica. No entanto, o que o trouxe ao Paraná foi o domínio da didática pedagógica para a criação de roteiro, com cursos ministrados até no Peru, em Moçambique e Angola. “Alguém informou à Íttala sobre essa especialidade e surgiu o convite para lecionar aqui. Nós não nos conhecíamos. Aceitei sem saber se daria certo. Ela também não tinha certeza se daria certo. Foi uma conquista obtida aos poucos. Tem sido muito gratificante essa convivência que estou tendo com os alunos há um ano e meio e a oportunidade de transmitir minha experiência”, disse ele.
Quanto ao fato de ficar em Curitiba e Pinhais de segunda a quinta-feira e passar os outros dias da semana no Rio, onde mora, considera normal: “Venho só para as aulas às turmas de segundo, terceiro e quarto períodos. Sou contratado, não concursado. Os alunos têm que sair prontos da minha mão”, explicou o roteirista e fundados da TV Educativa do Rio.
“A idéia do nascimento de um núcleo cultural é muito importante. O Paraná tem motivos para estimular que isso cresça, porque os meninos (estudantes da CINETV) têm uma alma cinematográfica muito grande”, ressaltou Wilson Rocha, autor do primeiro programa de teledramaturgia da TV Globo, a série “Musicalíssima”, que iniciou com o episódio “Forrobodó”, dirigido e adaptado por ele.
Wilson Rocha considera as afirmações feitas a respeito da direção da CINETV como “um tsunami que foi muito programado”. “Gilberto Gil é ministro e faz shows, ninguém comenta a respeito. Já houve um tempo em que trabalhei em três emissoras de TV. Quero ver alguém que tenha mais conhecimento de roteiro do que eu aqui, porque inventei meu ramo de atividade, os livros de roteiros de TV que existem são ruins. Fiquei revoltado com o fato de mexerem com uma amiga recente, sei o trabalho que ela está fazendo e conheço o entusiasmo dela”, reclamou.