Ensino superior do PR constata o acerto do sistema de cotas 09/04/2008 - 17:40

O setor educacional paranaense constata o sucesso da política de cotas, que permite que negros e estudantes pobres oriundos da escola pública ingressem numa universidade. A política de cotas foi implantada no vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL) durante o mandato de reitora (2003 - 2006) da secretária de Estado Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o seu acerto é demonstrado pelo bom desempenho dos cotistas. “Isto só vem reforçar o acerto da política de inclusão social do governo Roberto Requião”, disse Lygia.
O assunto foi abordado nesta quarta-feira, 09, em entrevista concedida pela diretora de avaliação e acompanhamento institucional da pró-reitoria de Planejamento e Acompanhamento Institucional da UEL, professora Rosângela Ramsdorf Zanetti, ao jornal Folha de Londrina. Ela concorda que apesar dos poucos anos de implantação, já dá para dizer que o sistema de cotas foi bem sucedido: “...tanto que os resultados das avaliações feitas pelos colegiados mostram um bom desempenho dos cotistas”, afirmou.
“No início, havia um estigma de que os ingressantes por cotas teriam muita dificuldade de acompanhar as aulas, com desempenho inferior aos outros. Está comprovado que este argumento não é válido. Percebemos que há um comprometimento e uma dedicação muito grande dessas pessoas que entram pelas cotas, de responder e valorizar este ‘privilégio’ que a instituição e o Estado oferecem”, disse Rosângela.
Segundo ela, com relação à renda familiar, 62% dos candidatos ao vestibular 2008 da UEL – mais da metade dos concorrentes – têm renda de até sete salários mínimos. “Destes candidatos, quase 27% têm renda de até três salários mínimos, enquanto no outro extremo 13% têm de dez a 15 salários mínimos. Muita gente acha que universidade pública é só para quem tem dinheiro, mas os números mostram que na UEL isso não é uma realidade. Somos uma universidade pública e heterogênea, que recebe estudantes de todos os lugares, raças e poder aquisitivo”, concluiu a diretora.
Hoje, as cotas sociais e para afrodescendentes vêm sendo adotadas também pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e estão em fase de implantação na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Na Universidade Federal do Paraná a primeira turma de cotistas sociais e afrodescendentes ingressou em 2005.
Em 2007, a UEL recebeu o Prêmio Camélia da Liberdade como reconhecimento à adoção da política de cotas. O prêmio Camélia da Liberdade é concedido a organizações, instituições ou empresas que desenvolvem políticas de promoção e inclusão social.