Governo do Paraná inaugura Laboratório de Bioequivalência e Unidade Clínica de Apoio 27/02/2008 - 17:00

SETI investe R$ 1,75 milhão em laboratório de análise de medicamentos e em unidade clínica para facilitar a certificação de novos genéricos
A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), com recursos do Fundo Paraná, entregou à população paranaense o primeiro Centro de Bioequivalência e de apoio à Pesquisa Clínica e as novas instalações da Unidade Clínica de Apoio à Bioequivalência Hospital de Clínicas, nesta quarta-feira, 27, em Curitiba. Com a inauguração das instalações, que receberam um investimento de R$ 1,75 milhão da SETI, o Estado do Paraná passa a contribuir com a política nacional de medicamentos genéricos.
“A maior beneficiada é população brasileira, que terá no Paraná mais um pólo científico capaz de autorizar a circulação de medicamentos genéricos, em média 40% mais baratos que os convencionais e de igual qualidade”, explicou a secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto.
Inauguração - O primeiro ato da solenidade deu-se no Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no campus Jardim Botânico, onde foi inaugurado o Centro de Estudos de Biofarmácia, o primeiro do Estado equipado com a tecnologia adequada para realização de exames de Bioequivalência. Estiveram presentes, além dos secretários de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, e da Saúde, Gilberto Martin, o reitor da UFPR, Carlos Moreira Jr., a vice-reitora da UFPR, Márcia Helena Mendonça, o diretor do Setor de Ciências da Saúde, Rogério Mulinari, o diretor do Hospital de Clínicas (HC), Giovanni Loddo, e o coordenador do projeto Rede de Equivalência e Bioequivalência de Medicamentos, Roberto Pontarollo.
“Uma das limitações para a existência de uma maior quantidade de medicamentos genéricos, mais baratos que os remédios ‘de marca’, é a ausência de laboratórios capazes de atender as exigências da legislação brasileira, o que obriga o governo federal a credenciar laboratórios estrangeiros para a prestação desse serviço. No Paraná, com a instalação desse Centro de Bioequivalência na UFPR, financiado com recursos do Governo do Estado, e com os outros três que virão, esse quadro mudou”, esclareceu Pontarollo, coordenador do projeto.
O reitor da UFPR, Carlos Moreira Jr., enumerou os beneficiados pelo investimento do governo estadual em sua universidade: a graduação e pós-graduação dos cursos do Setor de Ciências da Saúde, com destaque para os alunos de Mestrado e Doutorado, que passam a contar com equipamentos até então inexistentes, os brasileiros que necessitam de medicamentos a menor custo, os profissionais da Saúde, que terão condições de prestar um atendimento de maior qualidade à população, e os paranaenses em geral, visto que com a instalação da Rede de Equivalência e Bioequivalência o Estado se torna atraente aos olhos da indústria farmacêutica, que poderá instalar novas plantas fabris no Paraná, gerando empregos e renda. “Todo mundo gosta de ganhar, não é verdade? Mas é bem melhor quando nós ganhamos juntos e não sozinhos. O investimento na UFPR melhora a vida de todos”, brincou Moreira.
O segundo ato da inauguração dos novos equipamentos aconteceu no 11º andar do Hospital das Clínicas, onde está instalada a Unidade Clínica de Apoio à Bioequivalência. Somaram-se às autoridades presentes na primeira etapa da cerimônia o diretor-superintendente do Lactec, Aldair Rizzi, ex-secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em cuja gestão iniciou-se, em 2004, o projeto da rede de medicamentos, e demais membros do corpo médico do HC.
Giovanni Loddo, diretor do HC, frisou que a inauguração dos novos leitos da Unidade de Apoio à Bioequivalência não diminuem a quantidade de vagas no quadro geral do hospital. “Pelo contrário, antes os leitos destinados ao atendimento da população eram utilizados pelos pesquisadores. Agora isso não irá mais acontecer. Os pacientes terão vagas extra e os voluntários para testes de Bioequivalência um setor preparado para recebê-los”, concluiu Loddo.
Em uma breve fala, o secretário da Saúde, Gilberto Martin, repassou aos presentes na cerimônia conversa que tivera no dia anterior com o governador Roberto Requião, em que este manifestou o desejo de participar da inauguração dessas obras caso não estivesse em Foz do Iguaçu, na data em questão, tratando de questões relativas à Segurança Pública. Martin lembrou o compromisso do governo estadual com o Sistema Único de Saúde (SUS), do qual ele é o gestor no Paraná, e salientou a importância dos medicamentos genéricos para a manutenção do atendimento gratuito e de qualidade à população do Estado, frisando o papel decisivo dos Hospitais Universitários nas políticas públicas de Saúde.
Investimentos - A SETI está investindo R$ 4,5 milhões na implantação da Rede Estadual de Equivalência e Bioequivalência de Medicamentos. A rede certificará o serviço prestado à sociedade pelas indústrias farmacêuticas ao assegurar a eficácia dos medicamentos testados e contribuirá para a formação acadêmica de alunos e professores, que contarão com tecnologia de ponta para a realização de suas pesquisas. “Poucos governos têm a coragem de investir em pesquisa, porque os investimentos nessa área não aparecem de imediato, os resultados são a médio e longo prazo”, diz a secretária.
O Governo do Estado, por meio da Rede Estadual de Equivalência e Bioequivalência de Medicamentos, oferece às indústrias farmacêuticas mais uma opção no cumprimento das exigências da legislação brasileira que, desde a Lei 9.787/99, exige que os remédios genéricos passem por testes de equivalência farmacêutica (que garantem que a composição do produto é idêntica ao do medicamento inovador que lhe deu origem) e de bioequivalência (realizados em seres humanos, o que garante que serão absorvidos na mesma concentração e velocidade que os medicamentos originais) antes de chegarem ao consumidor.
Rede de Equivalência e Bioequivalência - Serão quatro as novas unidades previstas pelo Governo do Paraná, as quais constituirão a Rede Estadual de Equivalência e Bioequivalência de Medicamentos. A ativação do Centro de Controle de Qualidade e Estudos de Equivalência de Medicamentos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a implantação do Laboratório de Equivalência Farmacêutica da Unioeste-Lefvel custarão R$ 500 mil cada. Nessas unidades será analisada a composição dos medicamentos, procedendo-se a análise de equivalência farmacêutica — o primeiro passo para a autorização de novos medicamentos.
A maior parte dos recursos será investida na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e na UFPR, R$ 1,75 milhão em cada uma. Ambas universidades serão equipadas com laboratórios de Bioequivalência, habilitados a realizar testes em seres humanos. A UEM receberá estrutura capaz de analisar medicamentos com dosagens acima de 50mg de substância ativa e medicamentos que não possuem metabólitos ativos.
O Laboratório da UFPR analisará medicamentos com dosagens abaixo de 50mg de substância ativa e medicamentos que possuam metabólitos ativos. A UEM e a UFPR terão suas unidades clínicas adequadas, com isolamento, número de leitos suficientes, UTI e equipamentos de emergência, necessários à internação de voluntários e realização de todas as atividades envolvidas no estudo da Bioequivalência.
Os medicamentos similares e genéricos
Os genéricos são cópias de medicamentos inovadores cujas patentes já expiraram. Sua produção obedece a rigorosos padrões de controle de qualidade. Graças aos testes a que são submetidos por lei os medicamentos genéricos são intercambiáveis. Ou seja, podem substituir os medicamentos de referência, indicados nas prescrições médicas. A troca, quando o médico não prescrever diretamente o genérico, pode ser recomendada pelo farmacêutico responsável, nos estabelecimentos de varejo, com absoluta segurança para o consumidor.
Com preços em torno de 40% menores que os medicamentos de marca, os medicamentos colaboram para que muitos brasileiros, que não estavam se medicando ou que tinham dificuldade de dar continuidade a tratamentos, encontrem uma alternativa viável e segura para seguir as prescrições médicas corretamente.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já tem registrados genéricos de mais de 300 princípios ativos, totalizando mais de 11.000 apresentações e aproximadamente 100 classes terapêuticas, englobando as patologias que mais freqüentemente acometem a população brasileira e grande parte das doenças crônicas de maior prevalência.
O programa brasileiro de genéricos é hoje um dos mais importantes programas de auxílio ao acesso a medicamentos já implantados no país. Desde que foi criado, o mercado cresce a uma taxa de 25% ao ano, o que representa 15% das vendas do setor farmacêutico. São vendidas anualmente mais de 250 milhões de unidades no país, com faturamento superior a US$ 1,1 bilhão. De cada 100 unidades de medicamentos vendidas no Brasil, 15 são remédios genéricos.