Governo vai fornecer cateter a preço de custo para pacientes com câncer 29/01/2008 - 17:31

       

    O Governo do Paraná vai fornecer, a preço de custo, os primeiros cateteres fabricados no Brasil para pacientes com câncer, atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O cateter totalmente implantável “basic port” é resultado do projeto “Desenvolvimento e incorporação de novas tecnologias para melhorar a qualidade do processo produtivo de materiais biomédicos”, desenvolvido pelo Instituto de Bioengenharia Erasto Gaertner (Ibeg), com recursos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior/Fundo Paraná.
    O termo de compromisso foi assinado na manhã desta terça-feira (29), durante a Escola de Governo, no Museu Oscar Niemeyer, pelo governador em exercício Orlando Pessutti. Também assinaram o documento a secretária Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; o secretário Gilberto Martin, da Saúde; o superintendente da Liga Paranaense de Combate ao Câncer e coordenador do Hospital Erasto Gaertner, Flávio Daniel Saavedra Tomasich; e também o superintendente do Lactec, Aldair Rizzi.
    De acordo com Lygia, o custo unitário do cateter “basic port” é de R$ 207,36, enquanto produtos similares, importados dos Estados Unidos e da Europa, custam entre R$ 750,00 e R$ 2.250,00. “Com esse cateter, o Governo do Paraná vai oferecer um tratamento humanitário a milhares de pacientes que precisam”, disse.
INVESTIMENTO – O superintendente da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, Flávio Tomasich, afirmou que o desenvolvimento do basic port é resultado do investimento da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Segundo ele, o ex-secretário Aldair Rizzi comprou a idéia do Ibeg e a secretária Lygia deu continuidade ao projeto. “Houve aplicação de recursos na modificação de toda a estrutura que nós tínhamos, o que nos permitiu melhorarmos o cateter”, disse.
    De acordo com Tomasich, o convênio vai beneficiar exclusivamente quem precisa desse material. “Isso não é para o Erasto Gaertner, não é para o Governo do Estado, nem para a Secretaria, é para os pacientes”, concluiu. A partir de 2004, a Secretaria investiu R$ 500 mil no projeto. Tomasich lembrou que, além do cateter, o Ibeg tem portfólio com outros equipamentos da área da saúde.
FUNDO – Pessutti homenageou a memória do deputado Adhail Sprenger Passos, que durante a elaboração da Constituição Estadual, em 1989, incluiu o artigo que destina 2% da receita tributária para formar um fundo de ciência e tecnologia e instituiu o Conselho de Ciência e Tecnologia, antes mesmo da formação do atual Fundo Paraná.
    Segundo o governador em exercício, é importante conhecer as resultados dos investimentos nos últimos cinco anos, pois não foram “tão convenientemente destinados em período anterior”. “Temos hoje projetos de repovoamento dos rios e baías do Paraná, implementados por universidades públicas, e que já começam a devolver espécies nativas que desapareceram há algum tempo”, afirmou Pessutti.
    “Só os grandes estadistas investem na educação, na ciência e tecnologia, pois os resultados nessas áreas quase sempre não coincidem com o período de governo”, disse a secretária Lygia Pupatto. Ela lembrou que a partir de 2003, o Governo do Paraná determinou que os recursos do Fundo de ciência e tecnologia passassem a ser investidos também em hospitais universitários e filantrópicos com o objetivo de beneficiar os pacientes do SUS.
TECNOLOGIA – O apoio financeiro do Fundo Paraná possibilitou ao Instituto de Bioengenharia do Hospital Erasto Gaertner (Ibeg) a aquisição de novos centros de usinagem e a adequação no laboratório para a instalação desses equipamentos. O empreendimento proporcionou a incorporação de novas tecnologias no desenvolvimento de produtos biomédicos, como a criação do Sistema de Acesso Vascular para Quimioterapia, o Cateter Totalmente Implantável Basic Port.
    O investimento em tecnologia é um importante passo para que as empresas nacionais possam concorrer em igualdade com empresas do exterior. Com o aperfeiçoamento dos processos internos é possível reduzir consideravelmente o custo final do produto e manter alto padrão de qualidade, o que possibilita a pacientes do SUS o acesso a produtos de padrão internacional.
CATETER – Fabricados em titânio e pesando apenas 20 gramas, os cateteres podem ser implantados em adultos e crianças. Trata-se de uma forma de acesso permanente ao sistema vascular que não utiliza a punção dos vasos sangüíneos periféricos. Com isso, evita-se complicações, como a flebite e a trombose, decorrentes de constantes infusões de medicamentos no tratamento de pacientes com câncer, proporcionando-lhes mais conforto e com custo extremamente acessível. Com um desenho anatômico em forma de gota, os cateteres exigem incisões menores e podem ficar alojados no corpo humano até dois anos.
    O produto agrega importantes evoluções nas suas características técnicas, como alta qualidade, excelente custo-benefício, maior conforto e segurança para o paciente. É o primeiro resultado do investimento, dando origem ao termo de responsabilidade e garantindo ao governo do Paraná a aquisição do produto, aprovado pela Anvisa, a preço de custo. Atualmente outros produtos encontram-se em estudo, tais como próteses ortopédicas e fixadores externos.