Instituições públicas de ensino e pesquisa recebem 90% dos recursos do Fundo Paraná 15/04/2008 - 14:00

As instituições públicas de ensino e pesquisa do Paraná são as que mais têm recursos do Fundo Paraná -- 90% de acordo com a secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, que falou nesta terça, 15, na Escola de Governo. “Antes de 2003 os recursos eram todos direcionados à iniciativa privada”, afirmou. Segundo ela, todos os projetos financiados pelo Fundo são desenvolvidos em redes de pesquisa, que “socializam o conhecimento e racionalizam o uso do dinheiro público”.
Como exemplos de projetos apoiados pelo Fundo Paraná (cerca de seis mil no total) a secretária citou o cateter para pacientes com câncer, a certificação dos medicamentos genéricos e a Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão, criada no primeiro mandato do governador Roberto Requião, depois foi abandonada e finalmente encampada pela Faculdade Estadual de Campo Mourão (FECILCAM). Atualmente, além de atuar com educação ambiental, prestando cerca de mil atendimentos/ano, essa estação estuda a fauna e a flora e promove a iniciação científica.
Sobre o cateter produzido pelo Instituto de Bioengenharia do Hospital Erasto Gaertner com recursos do Fundo Paraná da ordem de R$ 500 mil, a secretária destacou que o produto custará para o Sistema Único de Saúde (SUS) R$ 204,00. “Totalmente importado, esse cateter custa, no mercado, entre R$ 780,00 a R$ 2.250,00”, comparou. O Basic-port já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quanto à Rede de Equivalência e Bioequivalência de Medicamentos – a primeira unidade, na UFPR, foi inaugurada em março de 2008 – Lygia explicou que será feita a análise do medicamento genérico e do medicamento de referência quanto às suas características físico-químicas (equivalência) e será estudado o comportamento dos mesmos no organismo humano (bioeqüivalência). “Os resultados esperados vão desde a redução do custo de medicamentos para a população até a identificação de novos genéricos e expansão da indústria farmacêutica no Paraná”, ressaltou. Os recursos para esse projeto somam R$ 4,5 milhões e as universidades estaduais envolvidas são as de Londrina (UEL), de Maringá (UEM) e do Oeste (UNIOESTE), cujas unidades serão inauguradas até o final deste ano.
Outros projetos
Outros exemplos de projetos estratégicos de governo apoiados pelo Fundo Paraná são os seguintes: Transplante de células-tronco da medula óssea para tratamento de doenças do coração e do sistema nervoso central; Implantação e consolidação da Rede Paranaense de Terapia Celular; Mini-usinas de óleo vegetal; Viabilização de matérias-primas vegetais para produção e uso de biodiesel no Paraná; Viabilização de matérias-primas vegetais para produção e uso de biodiesel no Paraná; Apoio à cadeia produtiva da piscicultura no Reservatório de Caxias: industrialização do pescado e produção de rações; Tatames especiais; e Inclusão de alunos portadores de deficiências visuais no meio acadêmico.
Células tronco: Neste caso, células tronco derivadas da medula óssea são implantadas no paciente para tratamento da miocardiopatia isquêmica, uma das patologias da insuficiência cardíaca. O programa prevê o recrutamento de 20 pacientes adultos portadores da doença, que serão avaliados clinicamente com exames durante e o pós-operatório, para monitoramento e avaliação de resultados. Já o tratamento das doenças do sistema nervoso central está sendo conduzido pela PUC/RS. O total aplicado neste projeto soma R$ 722,7 mil.
Terapia celular: Com recursos da ordem de R$ 4,6 milhões do Fundo Paraná, esta rede tem como referência o Hospital de Clínicas da UFPR, na transferência de tecnologia do seu Setor de Transplante de Medula Óssea (STMO) aos hospitais universitários da UEL e UEM. Enquanto a UEL fará o auto-transplante (autólogo), a UEM, por meio do Laboratório de Imunogenética, identificará doadores voluntários de medula óssea. Com isso, espera-se, além da interiorização de procedimentos avançados e aplicação de novas tecnologias nos hospitais públicos, a redução de custos com o deslocamento e internação de pacientes.
Mini-usinas de óleo vegetal: O principal objetivo deste projeto (R$ 385 mil do Fundo Paraná) é assegurar a sustentabilidade de pequenos agricultores a partir da produção em pequena escala de óleos vegetais puros e da comercialização no mercado nacional, com certificação de qualidade emitida pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR). Centros de referência equipados e de fácil manuseio devem ser instalados em várias localidades paranaenses, a exemplo do que já ocorre na Cooperativa de Wittamarsum, em Palmeira/PR.
Biodiesel: Pequenos produtores rurais e fabricantes de prensas que utilizam o sistema de extração de espécies vegetais a frio para produção são os principais beneficiados com esse projeto apoiado pelo Fundo Paraná (862 mil). Na pesquisa serão avaliados, além do desenvolvimento da tecnologia de produção das espécies oleaginosas, o uso de co-produtos originados do esmagamento, a alimentação de animais e a adubação do solo.
Piscicultura: Com investimento de R$ 1,7 milhão, o projeto visa a produção de produtos para alimentação humana e a merenda escolar a partir do pescado (portanto, com alto valor protéico) e de ração para peixes cultivados em tanques-rede e tanques de terra. Neste processo destaca-se a utilização de matéria-prima produzida na região (grãos e resíduos agroindustriais). O Laboratório de Controla da Qualidade e Tecnologia do Pescado da UNIOESTE faz o monitoramento do produto.
Tatames especiais :O projeto proporciona melhor qualidade de vida às pessoas portadoras de deficiências físicas, principalmente. O uso de rodízios e sistema de conexão caracterizam a mobilidade e modularidade do produto. Os recursos do Fundo Paraná, R$ 22 mil, foram utilizados na confecção de plataformas especiais, cujo design recebeu, em 2006, o primeiro lugar no Prêmio de Tecnologia Social do Banco do Brasil. É desenvolvido pela instituição Pequeno Cotolengo em parceria com a UFPR.
Inclusão de alunos portadores de deficiências visuais: O projeto visa o desenvolvimento de técnicas e processos de reprodução gráfica em braile de material didático, de forma rápida e precisa, aumentando o potencial de aprendizagem de alunos com deficiência visual. Permite também o acesso ao material escrito em geral, às informações complementares que contribuem para a formação desses acadêmicos, especialmente por meio da digitalização de textos, livros, jornais, boletins, entre outros. Os recursos do Fundo Paraná, R$ 16 mil, foram aplicados neste projeto da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO).