LANÇAMENTO DO PROGRAMA UNIVERSIDADE SEM FRONTEIRAS 01/10/2007 - 11:00


Nos últimos dias tenho acordado bastante feliz. Para minha surpresa estou descobrindo que um dos motivos principais é a sensação de estar conseguindo encontrar caminhos concretos para transformar idéias em ações práticas. Estamos vivendo uma época bastante confusa, com muitas informações e pouca confiabilidade, muita correria e pouco tempo pra pensar, muita liberdade e poucos compromissos, muitos interesses e poucos afetos. Assim, nesses tempos de tudo muito politicamente correto, sem desconto para hipocrisia, onde é tão difícil separar o joio do trigo, colocar em pé o projeto Universidade Sem Fronteiras mostra com clareza qual é o nosso lado, mostra que temos uma posição, mostra que não queremos aquela zona de conforto onde quase nada acontece.
Temos um compromisso inalienável com a sociedade, com nosso povo, com o nosso Estado e com o nosso país, de fazer uma ciência que contribua efetivamente para arrancar da pobreza a maior parte da população marginalizada. Temos um compromisso de não apenas transformar ciência e tecnologia em inovação, e serviços para gerar desenvolvimento econômico, mas também pensar na ciência que promova a inclusão social.
Pensamos que um dos sentidos de universidade seja este, o de oferecer oportunidades iguais a todos para que possam exercer sua cidadania. Encontrar-se efetivamente com a sociedade é o principal paradigma da universidade do século XXI.
Quero dizer que este projeto não é da SETI, mas de um programa de governo que elegeu nosso Governador Roberto Requião e o nosso Vice Orlando Pessutti no ano passado. Quero agradecer à Secretária da Criança e da Juventude, Thelma Alves de Oliveira, o Secretário de Educação, Maurício Requião, Secretário Enio Verri e o Secretário da Agricultura e do Abastecimento, Walter Bianchini, que nos ajudaram pessoalmente e/ou através de suas equipes, na análise e seleção dos projetos. Quero dizer também, que é muito bom trabalhar com a equipe que temos na SETI, são pessoas que têm compromisso com o que fazem. Formatamos juntos e estamos lançando hoje o que se constitui no maior programa de extensão universitária do Brasil. Nosso governo está alocando 10 milhões de reais para apoiar mais de 160 projetos de extensão das seis universidades e sete faculdades estaduais, das duas universidades federais e do IAPAR para serem desenvolvidos em mais de 100 municípios, situados nas regiões com baixo índice de desenvolvimento humano. Serão envolvidos neste projeto mais de 400 docentes e pesquisadores e serão concedidas em torno de 1000 bolsas de estudos para estudantes e recém graduados.
Desenvolver um programa de extensão universitária deste porte, caros Prefeitos, significa para nós resgatarmos o compromisso do poder público onde ele é realmente mais necessário. Também significa levar o conhecimento onde é mais difícil que ele chegue, na periferia das grandes cidades, bem como nas pequenas cidades com baixo IDH.
As nossas IES, distribuídas pelo estado, compreenderam o alcance do projeto porque sabem que se o ensino e a pesquisa são importantes, a extensão é a parte desse tripé que recebe em geral menor atenção. Com grande orgulho recebemos as propostas formuladas pelos docentes e pesquisadores das nossas instituições. E com muita humildade, agradecemos o engajamento de todos vocês neste grande projeto. Temos certeza de que este agradecimento também virá no futuro, das pessoas beneficiadas pelas ações propostas.
Mas a sensação mais gratificante virá da constatação que contribuímos com a construção de uma sociedade menos injusta e menos desigual.
Vocês estudantes e profissionais recém-formados que irão participar do projeto terão, tenho certeza, uma lição inesquecível, porque irão incorporar um conteúdo humanista ao seu conhecimento técnico. Irão aprender a dialogar com as diferenças, e espero que façam disso uma oportunidade de também aprender, e crescer. Peço que ouçam as pessoas, principalmente aquelas mais humildes, porque, tenho certeza, elas terão muito a ensinar a todos vocês que hão de concordar comigo que isso tudo é para encher de alegria o coração de uma professora.
Apoiar o ensino básico é uma bela maneira de olharmos para o futuro, lembrando os 10 anos sem Paulo Freire. Incentivar as incubadoras dos direitos sociais é a esperança de cidadania para muitas pessoas. Alavancar a agricultura familiar e a pecuária leiteira, significa a democratização do conhecimento e geração de emprego e renda para as famílias.
Se tudo isso não é uma maneira original de se olhar o mundo, é pelo menos diferente, guarda uma coerência interna difícil de ser negada, assume um jeito de fazer as coisas que não permite nenhum engano: nós temos um lado.
Os resultados de todo esse trabalho não virão no curtíssimo prazo. Mas quando menos se espera, estarão diante dos nossos olhos. Para estas horas, trago sempre comigo uma frase do escritor português José Saramago: "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo".
Bom trabalho para todos vocês!
Um grande abraço.