Pesquisadores da UEL defendem ação conjunta contra o Aedes 29/01/2016 - 11:35

p
Do ensino ao aperfeiçoamento e à aplicação. A equipe da UEL que estuda ações para o controle de insetos de importância em saúde pública é um bom exemplo de como a universidade foi agregando pesquisa e extensão ao ensino. Dos professores pioneiros atualmente aposentados, José Lopes e Olivia Arantes, responsáveis por implantar o projeto de pesquisa no Centro de Ciências Biológicas (CCB), na década de 1990, aos atuais programas, muitas teses foram desenvolvidas na área de controle biológico. Hoje a UEL é referência, por exemplo, na pesquisa e combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus dengue, chikungunya e zika .

A equipe especializada no controle de insetos com foco na saúde pública atualmente é composta pelos professores João Zequi, Laurival Antônio Vilas Boas e Gislayne Trindade Vilas Boas, além de sete alunos de graduação, oito de pós-graduação e um de pós-doutorado. O grupo é responsável pela manutenção de dois projetos de extensão que exemplificam bem a melhor forma de controle do Aedes aegypti: a ação integrada. Os professores explicam que as tecnologias são insuficientes se não houver uma ação conjunta entre o poder público e a população para eliminar os focos de proliferação do mosquito.

O primeiro projeto de extensão trabalha dentro da universidade para monitorar a incidência do mosquito em cada um dos oito Centros de Estudos. A iniciativa prevê o cruzamento de dados e levantamento das condições que favorecem o vetor. Esse monitoramento é feito em parceria com o projeto ReciclaUEL e a Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade (DASC).

O professor João Zequi explicou que o objetivo é otimizar o processo - armadilhas, captação e integração de informações - para que futuramente possa se delinear um padrão de comportamento na área urbanizada e infestação de Aedes. O segundo projeto consiste na produção de um bioinseticida à base da bactéria Bacillus thuringiensis israelensis, que tem potencial para controle massivo do Aedes e atende prefeituras de pequenas cidades do norte paranaense e também indústrias, principalmente locais onde há lagoas de tratamento de efluentes e ocorre grande proliferação do chamado Culex, o pernilongo comum.

O Bacillus thuringiensis israelensis é apenas uma das linhas de ação para o controle do Aedes aegypti, mas outras estratégias já são conhecidas e utilizadas como a Wolbachia, bactéria intracelular que, se incorporada ao mosquito, prejudica a transmissão do vírus dengue e inviabiliza a prole, o monitoramento de áreas com tecnologia em georreferenciamento, realizado por algumas empresas particulares e o próprio LIRAa (Levantamento Rápido do índice de Infestação por Aedes aegypti), padrão utilizado pelos órgãos governamentais para fazer o monitoramento e tomar medidas de controle.

p

Universidade mantém dois projetos de controle do mosquito, de forma integrada

Mas os professores enfatizam que o sucesso em reduzir o Aedes e a transmissão viral depende de ações conjuntas. Essas ações, como lembra Zequi, incluem também a divulgação correta das informações, pois muito do que é repassado sobre as formas de repelir ou controlar o mosquito podem funcionar como desserviço, como é o caso dos repelentes caseiros, plantio de mudas de crotalária entre outras medidas que não têm fundamentação científica para o real controle ou repelência do vetor.