Tecpar inicia a produção de biodiesel dentro de um mês 06/03/2007 - 15:40

06/03/2007
O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) - empresa vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - deve iniciar dentro de um mês os testes para o funcionamento de sua unidade de produção de biodiesel em Curitiba. A previsão foi feita nesta terça-feira (6) pelo presidente do instituto, Mariano de Matos Macedo, durante reunião da Escola de Governo. “A unidade já está na fase final de montagem”, informou.

Com uma área total de cerca de 200 metros quadrados, a planta é composta por uma unidade de pré-tratamento de óleo vegetal e por equipamentos como reatores, tanques de lavagem, evaporadores e condensadores, além de tanques para biodiesel e glicerina. Na área externa, estão espaços para óleo bruto, álcool, água e biodiesel. Um motor deverá fornecer energia e calor para a usina com o consumo do próprio biodiesel produzido na unidade.

A iniciativa é resultado do Programa Paranaense de Bioenergia, instituído por decreto estadual de 2003. Coube ao Tecpar a incumbência de promover o desenvolvimento tecnológico do biodiesel. Com uma infra-estrutura laboratorial de 500 metros quadrados e com modernos equipamentos, o instituto tem atuado não só em questões relacionadas à produção de biodiesel, como também na caracterização e controle da qualidade de óleos vegetais.

A tarefa atual do Tecpar é a implantação dessa unidade de produção de biodiesel em escala semi-industrial. Isto é: exclusivamente para pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de produção. O projeto está sendo financiado com recursos do Fundo Paraná. A intenção é estudar as diferentes matérias-primas indicadas pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, através do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), como potenciais insumos para a produção do combustível.

De acordo com o coordenador do Centro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio) e gerente da Divisão de Biocombustíveis do Tecpar, Bill Jorge Costa, que também é coordenador do projeto, a intenção é aproveitar diversas matérias-primas regionais do Paraná como óleos vegetais produzidos a partir de produtos como soja, girassol, algodão, nabo forrageiro e gorduras animais.

A meta também é orientar pequenos agricultores interessados em participar do projeto. O Tecpar terá capacidade de estudar e dominar os processos tecnológicos de produção de biodiesel a partir de diferentes matérias-primas sob variadas condições experimentais, de modo a produzir um biocombustível que atenda as especificações técnicas já estabelecidas no País.

Bill Costa ressalta também que o Tecpar terá condições de produzir biodiesel para testes de aplicação em motores do ciclo diesel, notadamente tratores e máquinas agrícolas de pequenos agricultores e veículos oficiais. O instituto também vai oferecer treinamento de recursos humanos na operação de unidades de produção de biodiesel, atendendo futuros produtores.

“A consolidação desse projeto deverá proporcionar aos pesquisadores e aos alunos de pós-graduação das instituições de ensino e pesquisa do Paraná a oportunidade de desenvolver trabalhos relativos a produção de biodiesel em escala semi-industrial”, observa Costa.

Além disso, acrescenta, a unidade do Tecpar vai servir de modelo para posterior implantação de outras unidades no Estado, seja de pequeno ou grande portes. “Importante também no projeto será o fato de o Tecpar se consolidar como instituição de referência na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia do biodiesel, complementando sua capacitação laboratorial já instalada”, conclui o coordenador do projeto.


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Instituto apóia miniusinas

Além de estar desenvolvendo sua própria usina de produção de biodiesel, o Programa Paranaense de Bioenergia também apóia a primeira miniusina de óleo vegetal do Estado, instalada no fim do ano passado na colônia Witmarsun, em Palmeira, na região de Ponta Grossa, e que deve servir como modelo para implantação de outras em propriedades rurais.

Um acordo de cooperação entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio do Tecpar, e a Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social (Repas) viabilizou a iniciativa, que teve o aporte inicial de R$ 200 mil do Fundo Paraná.

A iniciativa proporciona o desenvolvimento de pesquisas, a realização de testes laboratoriais e de campo, estudos técnicos e atividades complementares sobre aplicação de combustível alternativo e ainda a análise de sua eficiência como fonte de energia para uso principalmente em pequenas propriedades rurais.

Entre as vantagens do projeto está o uso de equipamentos de baixa tecnologia, não apenas por causa do preço, mas também pelas possibilidades que oferece. O projeto é desenvolvido tendo como base a realização de testes monitorados com registro dos resultados do uso exclusivo de óleos vegetais em motores diesel quanto à estabilidade, integridade, desempenho, emissões e durabilidade de componentes em motores de teste nas fases laboratorial e de campo.

O protótipo instalado em Witmarsum tem capacidade de processar 100 quilos de grãos por hora. A extração de óleos vegetais a frio é feita por meio de prensagem mecânica. O óleo vegetal fornecido pela miniusina, cuja qualidade tem sido acompanhada pelos laboratórios do Tecpar, será utilizado em um trabalho a ser desenvolvido pelo instituto e pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) com testes em três tratores.