Universidade, ciência, tecnologia e produção industrial em debate 09/11/2007 - 15:06

O grande desafio da universidade é implementar projetos transdisciplinares, interdisciplinares, para avançar na questão da pesquisa e da inovação. Essa questão foi lançada pela secretária de Estado Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, ao final das discussões da mesa-redonda “Ciência, tecnologia e produção industrial”, onde atuou como mediadora. O debate aconteceu durante o I Encontro Estadual de Ciência e Tecnologia da SETI, que termina nesta sexta-feira, 09, em Londrina.
“A universidade tem que se repensar, porque da forma em que está estruturada em departamentos, fica difícil responder às expectativas da sociedade”, afirmou a secretária. Ela disse que os debatedores - Divonzir Arthur Gusso e João Alberto De Negri, ambos pesquisadores da Diretoria de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Aldair Tarcísio Rizzi, diretor superintendente do Instituto de tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) – deram contribuições muito importantes para a discussão dos desafios que estão sendo apresentados.
O pesquisador João Alberto De Negri defendeu a ampliação do investimento do governo em pesquisa e desenvolvimento. “O risco da atividade empreendedora é do empresário, mas o risco da atividade criativa que gere conhecimento deve ser compartilhado com o Estado. Se não for feito isso, não se conseguirá investir em pesquisa e desenvolvimento no país”, disse.
Na opinião do pesquisador Divonzir Arthur Gusso, o cenário mundial aponta para uma mudança sensível na década atual, a caminho do desenvolvimento. Em sua apresentação, Gusso refletiu sobre o Brasil nos próximos 30 anos, defendeu o caminho para a inovação tecnológica e defendeu a pesquisa na universidade. “Temos um sistema muito bom de formação, níveis mundialmente satisfatórios de excelência científica, alcançamos bom patamar de capacidade formativa de doutores e temos boa proporção de grupos de pesquisa com produção”, disse. No entanto, segundo ele, não há um esforço institucionalizado nas universidades; o sistema está escassamente articulado às redes formais de pesquisa.
Esta situação, segundo Gusso, pede que se confira maior eficácia aos padrões de comunicação entre os atores de políticas públicas e às networks de formulação de políticas de educação superior, ciência, tecnologia e inovação e competitividade. Deve-se, de acordo com o pesquisador, olhar como as revisões de funções estão sendo feitas na Ásia e na Europa; reabrir para programas de pesquisa e inovar nas políticas públicas. “Os pesquisadores e agentes de inovação serão tanto melhor formados e empregados quanto melhores as estratégias e os projetos a que sejam alocados e com os quais estejam comprometidos”, concluiu.
O superintendente do Lactec, Aldair Rizzi, disse que não se pode deixar que as pesquisas das universidades se direcionem exclusivamente ao mercado. Se inovar gera crescimento, o mercado, numa sociedade capitalista, dá uma direção, mas não define quais são as forças prioritárias ou como avançar. Esse processo de transferência e de criação, segundo ele, consiste no desafio, e tais questões devem ser discutidas pelas universidades.