Agricultores aumentam produtividade com controle alternativo de doenças e pragas 13/04/2009 - 18:19

Os agricultores da região de Marechal Cândido Rondon encontraram uma alternativa para aumentar a produtividade e, consequentemente, o faturamento em suas propriedades. Através do projeto “Unidade de Validação e Difusão de Tecnologia em Controle Alternativo de Doenças e Pragas”, eles aprendem técnicas que trazem resultados surpreendentes. De acordo com o agricultor e presidente da Associação Central dos Produtores Rurais Ecológicos (ACEMPRE) de Marechal Cândido Rondon, Livar Josué Kaiser, os resultados são nítidos. “Antes, quando eu usava agrotóxicos, as perdas eram de 60% a 70% do plantio. Hoje, as perdas caíram para 10% ou, no máximo, 20% do plantio”, comemorou.
Kaiser participa do projeto desde que foi iniciado. O agricultor trabalha com diversas culturas, entre elas o tomate, o pimentão e a couve. Segundo ele, utilizar o controle alternativo a doenças e pragas aumentou consideravelmente as vendas e o faturamento. “O controle alternativo tem um custo baixo e é bastante prático. Você solta a vespinha e ela faz o trabalho”, afirmou.
O Unidade de Validação e Difusão de Tecnologia em Controle Alternativo de Doenças e Pragas é um dos 451 projetos do Universidade Sem Fronteiras, programa criado pela Secretaria de Estado, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para realizar a transferência da tecnologia gerada nas universidades e nos centros de pesquisa. Para a secretária de Estado Lygia Lumina Pupatto, o programa está realizando uma revolução silenciosa no Paraná. “Com os projetos do Universidade Sem Fronteiras, tenho a certeza que podemos contribuir com o desenvolvimento sustentável do Estado”, concluiu.
Executado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o projeto conta com a atuação de uma equipe formada por acadêmicos de graduação, de mestrado, profissionais recém-formados, além de professores. Os pesquisadores do projeto compõem o grupo de pesquisa denominado Cobalfi (Controle biológico e alternativo em fitossanidade) do CNPq. “Entendendo que nesse sistema de produção agrícola, o agricultor não deve pegar uma receita pronta de controle, mas sim, considerando toda a dinâmica de sua propriedade, manejar o ambiente a fim minimizar o problema, o conhecimento sobre o tema torna-se fundamental para o sucesso da produção”, ressaltou a  coordenadora do projeto e professora da Unioeste Vanda Pietrowski.
O Projeto
O projeto começou a ser idealizado em 2002, quando os agricultores do Oeste do Estado tiveram dificuldades no controle de pragas na produção de tomate orgânico, principal cultivo para eles. A partir dessa demanda, uma equipe de pesquisadores foi formada com o objetivo de desenvolver trabalhos que auxiliam esses agricultores. Com o lançamento do Universidade Sem fronteiras, em 2007, o projeto pode ser executado efetivamente.  
Desenvolvido com os agricultores agroecológicos ou orgânicos de todos os municípios que envolvem a Bacia Hidrográfica do PR III (que inclui Cascavel, Foz do Iguaçu, Medianeira e Toledo), o projeto trabalha com duas linhas: o controle biológico de pragas e o controle alternativo de doenças e pragas.
Dentro do controle biológico, são desenvolvidas pesquisas avaliando a utilização parasitóides (vespinhas), fungos, bactérias e outros como agentes de controle, substituindo os agrotóxicos. No controle alternativo, são realizados experimentos visando avaliar o uso de extratos vegetais e de terra de diatomáceas (proveniente de fósseis de algas diatomáceas). “Trabalha-se com princípio similar à nossa vacina, induzindo a planta a produzir determinados compostos que vão auxiliar na eliminação do agente biológico causador de doenças ou na maior tolerância aos seus danos. Os próprios produtores aprendem a produzir o extrato”, disse a professora Vanda.
Depois de produzidos em laboratórios, vespinhas que realizam o controle das pragas e doenças são viabilizadas aos agricultores. As principais culturas trabalhadas são o tomate, a soja e a erva-mate. “Essas são as principais atividades da região e que têm encontrado sérios problemas de pragas e doenças”, explicou a coordenadora do projeto.
Segundo Vanda, o projeto proporcia condições para consolidar e estruturar a equipe de trabalho, tanto em termos de infraestrutura, como de pessoal. “A equipe continuará os trabalhos na linha que vem sendo desenvolvidos e irá ampliá-los através da implantação, no futuro, de áreas demonstrativas no Centro de Referência em Agroecologia”, finalizou.