Bordado, crochê e jeans são alternativas de renda em Barbosa Ferraz 14/04/2009 - 12:40

Barbosa Ferraz é um município localizado na região de Campo Mourão e que conta com 13 mil habitantes. Com sérios problemas em relação ao índice de mortalidade infantil, o município apresenta IDH – M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) 0,7, inferior à média brasileira, e ocupa a 341ª posição dentre os 399 municípios do estado. Um projeto do programa Universidade Sem Fronteiras, entretanto, está levando novas perspetivas a essa população. “Hoje pago um plano de saúde para eu e meus filhos. Também pretendo começar a pagar o INSS para eu poder me aposentar, que é meu sonho”, declara dona Maria Aparecida da Costa da Luz, uma das beneficiadas pelo projeto.
Mantido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) com o objetivo de transferir à população o conhecimento gerado nas universidades e centros de pesquisa, o projeto chamado “Implementação do sistema de qualidade e produtividade na confecção têxtil Coorpercrochê” contribui com o acesso de artesãs a uma cooperativa de crochê e, consequentemente, com a geração de renda.     
Costureira há 10 anos, dona Maria Aparecida tinha rendimento mensal de R$ 200,00 antes de participar do projeto. Hoje, ela afirma que seu rendimento dobrou. Assim como dona Maria Aparecida, o projeto viabilizou o acesso de outras 160 crocheteiras à Coopercrochê. Em 2007, antes do projeto iniciar, a cooperativa contava com apenas 215 cooperadas. Um ano depois, este número aumentou em quase 75%, apresentando 375 cooperadas.
Para capacitar as artesãs, a cooperativa oferece um curso de corte e costura. Depois de concluído, as cooperadas podem fazer um teste que possibilita a admissão delas na cooperativa. Segundo dona Maria Aparecida, para fazer o curso não são necessários conhecimentos prévios. “Não precisa ter feito nenhum curso anteriormente. É ensinado até a colocar a linha na agulha se a pessoa não souber”, disse. A crocheteira ainda ressalta que a pequena cidade de Barbosa Ferraz desenvolveu-se muito depois da criação da cooperativa, já que a oferta de empregos aumentou. Só neste mês, serão contratadas 30 novas costureiras que atenderão a uma encomenda de cinco mil peças, a maior já recebida pela Coopercrochê.
O material para confecção do crochê é fornecido pela própria cooperativa. Finalizado o produto, as crocheteiras repassam-no à Coopercrochê para que seja comercializado. “A cooperativa fica com 20% do valor de venda do produto, os outros 80% ficam com a cooperada. Nos casos em que a cooperativa não fornece o material, a cooperada fica com 100% do valor da venda. Se houver sobra no caixa da cooperativa, o valor é redistribuído entre as cooperadas”, explicou o coordenador do projeto João Marcos Avelar.
O projeto ainda oferece cursos de Informática, Gestão de Cooperativas Populares, Confecção de Cestas Natalinas e de Páscoa, Aperfeiçoamento em Crochê e Costura Industrial. Para a recém-formada em contabilidade Andréia Cristine Vidotti, que participa do projeto, os resultados têm sido satisfatórios e contribuem para o desenvolvimento da sua vida profissional. “Na faculdade você aprende a teoria e aqui eu tive que aprender a prática. Aqui, você convive com dados reais, situações-problema reais, o que te obriga a ser mais ágil na solução de problemas”.
Com apoio do Programa Paraná Alfabetizado, o projeto ainda oferece um suporte em relação à alfabetização através das estudantes de Pedagogia da Faculdade de Jandaia do Sul (FAFIJAN). O projeto também conta com parceria da Prefeitura Municipal, Associação Comercial e Industrial de Barbosa Ferraz, Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam), Pastoral da Criança e Banco do Brasil.
A Fundação Banco do Brasil, inclusive, cedeu ao projeto uma máquina de tear, possibilitando a produção de barbante, o que agregará mais valor ao produto final. Em razão disso, foi concedido à cooperativa um barracão industrial. Outra conquista por parte da cooperativa foi a aprovação da compra de 97 novas máquinas industriais para a produção de jeans, por meio de um recurso no valor de R$ 300 mil, disponibilizado pela Prefeitura de Barbosa Ferraz. “Estas máquinas poderão produzir de 20 a 30 mil peças por mês, podendo gerar 300 novos empregos. Antes, cada cooperada recebia de R$ 2,50 a R$ 3,00 por peça, agora passará a receber de R$ 4,50 a R$ 5,50”, ressaltou João Marcos. O coordenador do projeto ainda completa que, com a compra dessas máquinas, diminuirão os gastos com o conserto de equipamentos, um dos mais onerosos à cooperativos.
O projeto pretende lançar uma marca de produtos feitos em jeans. Para isso, foi contratada a bolsista recém-formada em moda Rafaela Almeida Antunes. Também foi lançada a campanha “Coopercrochê Confeccionando Ideias”, destinada à comunidade em geral, a fim de escolher um nome para a marca. A campanha termina no dia 22 de abril e o ganhador receberá um certificado de participação emitido pela Fecilcam. “A primeira coleção já esta sendo elaborada, e a intenção é envolver o trabalho do bordado das cooperadas com o do jeans”, afirma Rafaela.
Nos dias 14 e 15 de julho deste ano, a Coopercrochê também participará de uma feira internacional no Paraguai. Para tanto, está sendo confeccionado um mostruário com os trabalhos desenvolvidos na cooperativa, com a finalidade de exportar o produto. “Será uma Rodada de Negócios com reais chances de realizarmos grandes vendas aos empresários da América Latina”, finaliza João Marcos Avelar. Outras informações sobre a feira no endereço http://www.expo.org.py/la-expo.