Com incentivo do Estado, mulheres do campo aprendem gestão em turismo e liderança 10/03/2023 - 08:40

Com a vocação do Paraná para a agricultura e agropecuária, é grande o número de projetos desenvolvidos pelas universidades estaduais voltados ao setor. Muitas ações estão sendo desenvolvidas também dentro do Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança, desenvolvido pela Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

Entre os focos estão a gestão de turismo e a sustentabilidade na agricultura. O objetivo é apoiar financeiramente instituições de ciência e tecnologia paranaenses para a implantação e desenvolvimento de projetos voltados à formação de lideranças femininas, por meio de capacitações e divulgação de práticas inovadoras relacionadas ao tema.

Dentro deste programa, 86 projetos de pesquisa estão sendo desenvolvidos por 11 universidades do Paraná e mais o Instituto de Desenvolvimento Rural - IDR Paraná. 

Uma das ideias é o “Empoderando Mulheres do Campo: capacitação para gestão e liderança em empreendimentos de turismo rural sustentável”, coordenado pela professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste-Toledo) Carla Maria Schmidt.

A pesquisadora afirma que o turismo rural sustentável é um segmento de cunho econômico e social que tem potencial de igualdade nas relações de trabalho entre o homem e a mulher. O Paraná tem alguns projetos relevantes nessa área, como a Rota do Queijo, a Rota da Lavanda, a Rota do Vinho, o Roteiro Doce Iguassu e o Circuito Polonês-Ucraniano.

“A força do trabalho feminina em atividades agrícolas é vista apenas como complemento, de modo que o homem é considerado o detentor da mão de obra necessária. Mas entendemos que o turismo rural configura uma área na qual a mulher pode desempenhar papel atuante, realizando funções que impactem econômica e socialmente”, afirma Carla.

As ações do projeto estão sendo desenvolvidas com mulheres do campo que possuem empreendimentos de turismo rural sustentável na microrregião de Toledo, no Oeste do Paraná, cidade com o maior VBP do Paraná, com vocação para a produção de carne suína. No momento, a equipe está localizando e investigando os empreendimentos com possibilidade de inserção feminina.

“Estamos visitando fazendas, vamos fazer entrevistas com elas e elaborar um material para capacitar estas mulheres. Vamos trabalhar o empreendedorismo e empoderamento feminino, e também a importância da mulher no turismo rural e suas vertentes, como gestão, tecnologias digitais e marketing”, explica a coordenadora.

Segundo Carla, a partir do desenvolvimento da capacitação e das pesquisas as mulheres vão atuar com maior direcionamento e controle sobre os caminhos para arrecadação de renda, seja na gastronomia ou em passeios turísticos.

“O empoderamento destas mulheres auxiliará na manutenção dos agricultores familiares e de seus filhos no campo. Este projeto contribui diretamente na solução de problemas da sociedade atual transformando a comunidade atendida em um espaço marcado por seus atrativos”, destaca Carla Schimidt.

PRODUTORAS DE CAFÉ – Na região de Maringá, no Noroeste do Estado, as produtoras de café estão participando do projeto “Liderança feminina em agrossistemas sustentáveis: reconhecendo o papel das mulheres para a sustentabilidade em cadeias de valor no Paraná”.

O objetivo principal nesta proposta é promover a formação de mulheres para liderança na produção, comercialização e coordenação de cadeias de valor sustentáveis, despertando em agricultoras paranaenses o reconhecimento sobre o seu papel na promoção da sustentabilidade.

Segundo a coordenadora e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sandra Mara de Alencar Schiavi, nas ações é possível perceber a necessidade de capacitação em gestão. “Por isso enfatizamos todas estas questões que envolvem planejamento, gestão, definição de estratégia e desenvolvimento sustentável, questões relativas à própria organização coletiva”, explica.

O projeto prevê atividades que desenvolvam as competências das mulheres em termos de liderança. Serão realizadas oficinas para discutir o papel de cada uma na sua comunidade. “Dentro do grupo elas têm um núcleo diretor com suas atribuições como tesoureira, secretária e presidente. A implementação das ações estratégicas definidas no coletivo dependem da coordenação e da liderança que vai acontecer dentro destes grupos”, ressalta Sandra.

De acordo com a professora, o espaço da mulher no campo é muito difícil de ser definido. “As ações visam que as mulheres se empoderem nesse processo de gestão, de inserção em mercados e de valorização da mulher em todos os aspectos”, completa.

O projeto foi desenhado também para trabalhar com produtoras de hortícolas orgânicas e poderão ser identificados outros grupos a partir de interações com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR- Paraná). A pesquisa acadêmica também pode embasar novas políticas públicas no futuro.

O IDR-Paraná já desenvolve um trabalho segmentado com mulheres do café, inclusive com reconhecimento nacional. O Paraná cultiva café de qualidade em larga escala na região Norte.

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