Indígenas nos bancos universitários das instituições públicas do PR 18/04/2008 - 17:30

A população indígena tem motivos para comemorar neste Dia do Índio: no Paraná há reserva de vagas nas instituições públicas de ensino superior
A política de inclusão social instituída pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e que garante o acesso e permanência de estudantes indígenas no ensino superior público começa a obter resultados positivos, avançando a cada dia no processo de democratização do ensino. O Paraná foi pioneiro nesse projeto e criou um mecanismo de oportunidades, onde a universidade torna-se um espaço da troca de conhecimentos, da vivência e do respeito às diferenças sociais.
Para a indígena Valéria Lourenço Jacinta, acadêmica do curso de medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL), “o vestibular é uma oportunidade maravilhosa. Se fosse pelo método normal, o índio não ia ter essa oportunidade de estar na universidade, passei e fiquei muito feliz”, disse.
Valéria destaca ainda a importância dos docentes e colegas na sua graduação. Segundo ela o incentivo de ambas as partes é muito importante: “Eu encontrei pessoas que me incentivaram muito, que me ajudaram. Tem alguns professores que vão ficar na memória para sempre, porque me ajudaram e me incentivaram”, afirmou a acadêmica.
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) formou, no início do ano, a primeira indígena da história da instituição, desde que foi implantado o vestibular. Joelma Lourenço Piraí concluiu o curso de Pedagogia e agora pretende se especializar em gestão educacional.
A guarani Joelma começou a lecionar nas escolas públicas da aldeia de Laranjinha, em Santa Amélia, onde reside, a 235 quilômetros de Maringá. Aos 16 anos, começou a dar aulas na terra indígena guarani de Barão de Antonina, na região de Londrina, para turmas de 1ª à 4ª séries.
Vestibular indígena
Há 49 vagas reservadas para indígenas por ano no Paraná. São ofertadas anualmente 42 vagas para os cursos de graduação nas Instituições Estaduais de Ensino Superior do Paraná (IEES), onde podem ingressar somente indígenas do território paranaense. Além do acesso à universidade, o governo do Estado adota uma política de permanência do estudante e, por meio da SETI, concede uma bolsa de estudo no valor de um salário mínimo mensal até a conclusão do curso.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) também participa do vestibular indígena. A UFPR oferece sete vagas a estudantes das comunidades indígenas residentes em todo o território nacional, que também recebem bolsas de estudo concedidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Visando à integração e à cooperação efetiva, a SETI, em conjunto com as instituições envolvidas, tem a função de editar as regras para o preenchimento das vagas, determinação dos cursos, seleção dos candidatos e estabelecer as demais disposições.
Para melhor desempenho do programa, foi instituída em maio de 2007, em caráter permanente e interinstitucional, a Comissão Universidade para os Índios (CUIA) com a finalidade de viabilizar aos membros das comunidades indígenas o acesso, permanência e conclusão dos cursos de graduação nas universidades públicas sediadas no Paraná.
A CUIA também realiza o trabalho de acompanhamento didático e pedagógico junto aos estudantes indígenas, com o propósito de viabilizar a permanência e a integração desses estudantes nos cursos. O desempenho da comissão demostra à sociedade que as universidades têm o papel fundamental não apenas da produção de conhecimentos sobre a diversidade étnica e cultural, mas principalmente do debate e integração entre as classes. 

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