Lygia Pupatto convoca reitores para repensar cursos de Física e Matemática 15/04/2008 - 14:40

Dirigentes das universidades e faculdades estaduais devem repensar com urgência o ensino da Física e da Matemática. A convocação foi feita nesta terça, 15, durante a Escola de Governo pela secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto. “Hoje, no país, o índice de desistência desses cursos chega a 50%, o que prova que alguma coisa está errada”, afirmou, solicitando que os colegiados dessas áreas se reúnam e discutam um novo conteúdo pedagógico. “Precisamos fazer a nossa parte, sob pena de o país sofrer um atraso de mais de oitenta anos”, destacou. Para Lygia Pupatto, essa realidade é resultado de um grande paradigma neoliberal do passado, que privilegiou a entrada de profissionais no primeiro mundo a qualquer preço, mas esqueceu que não há desenvolvimento sem uma formação sólida em Física e Matemática.
Na Escola de Governo, aberta pelo grupo “A Plenos Pulmões”, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), a secretária fez um relato dos avanços obtidos nas áreas do ensino superior e da ciência e tecnologia no governo Roberto Requião e apresentou as principais ações para 2008. “Nosso principal desafio é formar cidadãos e não apenas técnicos”, resumiu ao falar sobre o programa de qualificação do ensino superior público do Paraná. “Hoje, estamos no mesmo patamar das melhores instituições de ensino superior do país, com 82% de mestres e doutores, contra apenas 22% na gestão de governo anterior”, disse. De 2003 a 2007, informou, houve um aumento de 30 % dos cursos de mestrado e de 67% dos cursos de doutorado. “Até o final do ano pretendemos chegar a esses índices também nas nossas faculdades estaduais”, anunciou, lembrando ainda a criação, por meio da parceria entre doze instituições de ensino e pesquisa, do segundo mestrado em Bioenergia do país, em avaliação pela CAPES/MEC.
Conforme ainda Lygia Pupatto, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que trabalha, em 2008, com um orçamento da ordem de R$ 1,1 bilhão (R$ 500 mil em 2002), terá investido somente no Programa de Reestruturação do Ensino Superior do Paraná, até o ano de 2009, um total de R$ 75 milhões, dos quais R$ 44 milhões destinam-se na construção (70 mil metros quadrados) e reforma (36 mil metros quadrados), o equivalente à construção de uma universidade do porte da UEM (Universidade Estadual de Maringá). “São 666 salas de aula, 172 laboratórios e 47 espaços acadêmicos”, enumerou.
Na área da educação básica, a secretária falou sobre o Programa de Formação Continuada (PDE), que envolve 2.400 professores e 600 professores das instituições de ensino superior públicas, sendo 80% nas estaduais e 20% da UFPR. “Este é um programa inovador, que promove o diálogo e a troca de experiências, uma ação concreta de uma visão sistêmica da educação”. Nas relações com os países do Mercosul, Lygia lembrou o programa de mobilidade acadêmica, que atende alunos da graduação e da pós-graduação e anunciou o lançamento, em agosto próximo, de um edital promovendo o intercâmbio de estudantes.
Novas ações em 2008
Entre os vários projetos que a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior apoiará em 2008 com recursos do Fundo Paraná estão seis centros de excelência em tecnologia leiteira e a Escola de Tecnologia do Leite e Queijos na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), cujo início está previsto para o segundo semestre deste ano. Os centros estarão vinculados às instituições públicas de ensino e pesquisa e também formarão técnicos de alto nível. As regiões beneficiadas são as que apresentam baixo índice de desenvolvimento humano (IDH), anunciou a secretária Lygia Pupatto.
Segundo ela, o projeto, que transfere tecnologia acumulada nas universidades e instituições de pesquisa a zonas rurais do Paraná terá apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep e CNPq) e é um dos resultados do acordo de cooperação do governo estadual com a França, particularmente a região de Rhône-Alpes. Os recursos do governo federal para esse programa somam R$ 11,5 milhões. Os centros fazem parte do Programa Estadual de Pecuária Leiteira, lançado em 2007, que inclui, ainda, a reforma e a recuperação de pastagens e da infra-estrutura das propriedades rurais, bem como os sistemas coletivos e individuais de resfriamento do leite e tanques e o tratamento de novas fontes alternativas de energia e de resíduos e efluentes.
Também serão fortemente apoiadas em 2008 a extensão tecnológica (geração de novos empreendimentos e empregos em empresas formais), as incubadoras tecnológicas e as empresas graduadas nesses espaços de empreendedorismo. Conforme o acordo assinado durante a Escola de Governo, o programa de extensão tecnológica será executado em parceria com a Secretaria de Indústria e Comércio, Agência de Fomento, Rede Paranaense de Incubadoras Tecnológicas (Reparte) e Sebrae.
“O programa de Extensão Tecnológica é uma espécie de Emater para pequenos empreendimentos. Foi um programa que surgiu de um debate ou mesmo que foi sugerido pelo secretário de Longo Prazo, Mangabeira Unger (atual ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos). Então, que fique o reconhecimento do governo do Estado por essas duas sugestões e implementações de programas excepcionais”, disse o governador Requião, ao lembrar também a ampliação do Programa de Residência Técnica, “imaginado, engendrado e posto em operação pelo nosso ex-secretário Luiz Dernizo Caron”, concluiu.