Prêmio Queijos do Paraná contou com aluno da UEPG que estuda análise sensorial no júri 08/07/2025 - 16:10

Trabalho, comprometimento e reconhecimento. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), representada pela Escola Tecnológica de Leite e Queijos dos Campos Gerais (ETLQueijos), trabalhou com especialistas no júri do Prêmio Queijos do Paraná, que aconteceu em maio.

Pioneira no Brasil, a escola forma queijeiros que se destacam em prêmios e avaliações importantes pelo País. As aulas são realizadas em módulos e os interessados podem se inscrever tanto para o curso completo como para módulos específicos – as inscrições ficam abertas durante todo o período. Os encontros acontecem aos sábados no prédio da ETL, próximo ao bloco L, em Uvaranas (Ponta Grossa).

Os professores Deise Rosana Silva Simões, Alessandro Nogueira e o aluno Matheus Baldykosky Ribas Santos, do curso de Engenharia de Alimentos, foram três dos 81 integrantes do júri que avaliou 477 produtos habilitados a participar da competição. Matheus e Alessandro ainda participaram do superjúri, ao final da competição. Foram escolhidos 15 queijos para a medalha de ouro, 20 premiados com a medalha de prata e 30 que conquistaram o bronze. Além desses, o júri selecionou dez produtos que foram condecorados com a medalha super ouro. 

Ao longo do prêmio, Deise, Matheus e Alessandro avaliaram produções de 108 queijeiros divididos em 21 categorias de 76 municípios paranaenses. Para o trio, uma oportunidade indescritível de troca de conhecimento. 

Deise comenta que, desde a primeira edição, que ocorreu em 2023, há um preparo especial: um treinamento específico para a equipe avaliar os queijos da melhor forma possível. “Quando a gente está avaliando o queijo, a gente dá um feedback para o produtor para que ele possa melhorar a produção dele. Não é simplesmente ele ter todo aquele cuidado e carinho de entregar um queijo para ser avaliado e sair sem retorno”, relata. “Acho que o principal objetivo do prêmio é melhorar a cadeia produtiva, já que nesse quesito o Paraná tem uma representatividade muito grande”.

Quatro egressos da turma de 2024 da ETL Queijos foram premiados na segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, o que também ajuda a fomentar a regionalização do projeto. “Tivemos o pessoal de Witmarsum, de Vila Velha, de Arapoti… todos premiados. A gente viu a quantidade de gente que estava trabalhando com queijo e a qualidade do que eles mostraram, isso foi muito bom”, conta o professor Alessandro Nogueira.

BAIXA VISÃO – A participação de Matheus, aluno do 5º ano de Engenharia de Alimentos na UEPG como jurado do Prêmio, foi um diferencial. Matheus se interessou pela Engenharia ainda na adolescência. Durante os anos iniciais do curso, a paixão pela área de análise sensorial se revelou ao longo das aulas. Matheus foi aluno da Escola Tecnológica de Leite e Queijos dos Campos Gerais desde 2023 e está no seu terceiro ano de curso, desta vez, contribuindo sob uma ótica diferente.

Matheus é um estudante com baixa visão – o que não o impediu de mergulhar nos estudos e se destacar como superjurado. Ele conta que não foi necessária nenhuma adaptação para que ele pudesse participar da banca, uma vez que ele consegue compensar alguns quesitos analisados utilizando outros sentidos. “Uma pessoa que tem uma baixa visão pode ter uma dificuldade a mais para ver a aparência do queijo”, detalha. “Mas se você estiver bem treinado, é possível contornar esse problema usando o tato”.

O acadêmico é aluno de iniciação científica e o tema de sua pesquisa é justamente esse: como contornar dificuldades de pessoas com baixa visão no quesito visualização da análise sensorial. Matheus explica que pessoas que utilizam a metodologia Braille costumam ter um tato mais bem treinado – o que facilita na identificação de possíveis defeitos nos queijos.

“O queijo tem uma coisa chamada olhadura, que são aqueles buraquinhos que normalmente a gente consegue ver, certo? Essas olhaduras, se você passa a mão, consegue sentir se são arredondadas ou mais disformes. Isso, para o queijo, é essencial”, diz. Entre outros aspectos, também é possível sentir com o tato defeitos como ranhuras na superfície e na parte interna do queijo.

Além de conseguir sentir o queijo com a ponta dos dedos, o estudante ainda utiliza o som para avaliar os produtos e dizer se eles são de qualidade ou não. “O queijo tem um som muito específico. O queijo coalho, por exemplo, se está contaminado, quando você morde, parece uma borracha”, detalha. “Se o queijo está cremoso, você mastiga e ouve um tipo de som. Se o queijo está duro, o barulho é bem sutil. Um queijo fresco não pode ser borrachudo – esse é um ponto bem interessante de se destacar”.  

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