Projeto Couro de Peixe Marinho gera empregos no litoral do Paraná 20/11/2008 - 18:04

Instalado há quase dois anos, o projeto Couro de Peixe Marinho, um dos mais de 400 projetos em execução pelo programa Universidade sem Fronteiras, da Secretaria do Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), vem contribuindo para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem no litoral do Paraná, gerando empregos e renda. Os resultados do projeto foram apresentados nesta quarta-feira (19), no Cietep, em Curitiba,  à delegação da região francesa de Rhône-Alpes, que está no Paraná a convite da secretária Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
O projeto consiste no trabalho do couro de peixes marinhos que, depois de curtido, vira matéria prima para o artesanato local. Além disso, o lodo gerado no processo passa por uma compostagem e é destinado às hortas orgânicas da região, auxiliando no cultivo.
Apesar de enfrentar uma certa resistência no início, o projeto hoje conta com o envolvimento de 13 mulheres. “No início, só quatro mostraram interesse”, disse a professora Kátia Schwarz, que divide a coordenação do projeto com o professor Euler Batista Erse, ambos da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar) e que contam também com o trabalho de uma técnica da instituição.
Segundo a professora Kátia, o projeto foi iniciado em 2005, por iniciativa de uma docente da Universidade Estadual de Maringá e teve continuidade com recursos do Universidade Sem Fronteiras. “Deu certo a iniciativa de montar um curtume no litoral – no bairro Mirim, que tem o menor IDH do município de Guaratuba. Constatamos que 74% dos moradores locais têm algum tipo de habilidade para a produção de artesanato e que 34% da população vive com uma renda média de dois salários mínimos. O projeto deu novas oportunidades a essas pessoas”, afirmou.
“O processo de curtir o couro é ainda artesanal, feito em baldes, mas a qualidade do produto é muito boa”, explica a professora. Segundo ela, o couro de quase todos os peixes de mar pode ser aproveitado, como de tilápia, linguado, robalo, corvina e tainha.  Para a curtidora Girlei Smanioto, de Guaratuba, “é fácil você impor um projeto de universidade, mas aqui todos receberam muito bem o nosso trabalho”.
O projeto já virou uma associação, a Associação dos Curtidores Artesanais de Pele de Peixe Ryo & Mar (ACPRM). Além disso, uma parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) originou um Sistema de Tratamento de Resíduos, que diminui o impacto dos resíduos do curtume no meio-ambiente. Outro fruto do projeto é um programa de Educação Ambiental, que visa educar e informar os estudantes de ensino fundamental, funcionários e professores do Colégio Léa Germano Monteiro sobre questões como ecologia, resíduos, higiene pessoal, alimentação, educação sexual e drogas.