Projeto da UEPG em São Mateus aproxima produtores rurais e consumidores
03/03/2015 - 16:27

O Laboratório de Mecanização Agrícola (Lama) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou, em janeiro, sua primeira experiência em comércio agrícola justo. A proposta tem como objetivo aproximar grupos de produtores rurais de base familiar com grupos de consumidores, sem os chamados "atravessadores”, sejam pessoas físicas ou jurídicas. A prática é chamada de Fair Trade e ainda é pouco conhecida no Brasil, mas já conquistou alguma notoriedade em países desenvolvidos.

O processo começou com um grupo de aproximadamente 60 colaboradores da Industrialização do Xisto, unidade da Petrobras no município de São Mateus do Sul – PR, SIX/Petrobras que são consumidores. “É importante destacar a importância do consumidor como elo econômico, social e ambiental da produção agrícola. Econômico, pois mantém a cadeia de produção, social já que pode escolher qualidade, e ambiental porque a produção intensiva pode desequilibrar o uso dos recursos”, destacou o professor Pedro Henrique Weirich Neto (Lama/UEPG).

Ao aproximar fisicamente o consumidor do produtor cria-se a oportunidade para avaliar experiências, dificuldades e expectativas sobre esta relação de comércio justo. “Um exemplo é o desejo que os consumidores têm de consumir produtos in natura fora da época de cultivo. Quando essa produção acontece, um grande desequilíbrio é estabelecido com o aumento do uso de energia, de agrotóxicos e, gerando também baixa qualidade dos alimentos produzidos”, comenta o professor Pedro.

A partir dessa experiência foi montado um calendário qualitativo e quantitativo de produtos agrícolas, para o caso específico de hortaliças, contexto este idealizado e executado pelo engenheiro agrônomo Manuel Delafoulhouze (Lama/UEPG/Funbio), responsável pelo projeto.

O grupo de produtores que participou do Fair Trade envolve quatro famílias das comunidades Estiva e Burrinho, de São Mateus do Sul, que se encontram em processo de acompanhamento e certificação de produção agroecológica (Produção Orgânica) com o apoio do Lama/UEPG. “Este tipo de produção prevê adequação ambiental, produção sem uso de moléculas sintéticas de fertilização do solo e de combate a pragas e doenças”, relata a engenheira agrônoma Alice Vriesman (Lama/UEPG/Seti-PR), uma das responsáveis pelo projeto de certificação de produtos orgânicos.

“Um dos ganhos do projeto esta no aumento da qualidade dos produtos e na alimentação dos colaboradores participantes”, destaca a nutricionista do Sesi, Fernanda Silvestre, que atua na SIX e é uma das incentivadoras do projeto. Do outro lado, mas agora bem mais perto, Sr. Zeno, um dos produtores, relata que “como o projeto prevê pagamento adiantado, a responsabilidade aumenta, porém, o planejamento e execução da atividade agrícola ficam bem mais fáceis”.

O professor Carlos Hugo Rocha (Lama/UEPG) relata que “isso só é possível pelo planejamento estratégico do Lama e apoio dos patrocinadores aos projetos que visam desenvolvimento sustentável, tais como o projeto Entre Rios que conta com patrocínio da Petrobras”. Neste caso têm-se ainda apoio do Funbio, da SETI – PR e da FAUEPG.