Projeto inclui peixe processado na merenda escolar 20/05/2009 - 15:40

Há quatro anos, uma grande empresa de Marechal Cândido Rondon deixou em situação delicada grande parte dos piscicultores da região. Com problemas gerenciais e econômicos, a empresa faliu e levou consigo a demanda que absorvia a produção regional. Segundo estimativas, hoje os piscicultores produzem apenas 10% da sua capacidade instalada.
“A piscicultura era muito importante para a região. Hoje, os açudes estão vazios. Produtores que têm 15 tanques, por exemplo, estão usando apenas dois. Isso reflete diretamente na geração de renda aos produtores”, disse o professor dos cursos de Agronomia e de Zootecnia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Armin Feiden.
Para auxiliar esses produtores, a Universidade - campus de Marechal Cândido Rondon - propôs o projeto “Sistema de produção de produtos processados com peixe para inclusão na merenda escolar”. Mantido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), pelo Programa Universidade Sem Fronteiras, o projeto capacita e estimula os piscicultores a transformar a polpa do peixe em produtos industrializados como nuggets, almôndegas, fish burger e espetinhos de peixe.
“Para industrializar a polpa do peixe não é necessário o uso de tecnologia tão elaborada. Fizemos testes e a prefeitura aprovou a qualidade do produto para que seja incluído na merenda escolar”, afirmou Feiden, que também coordena o projeto que deve beneficiar 63 piscicultores.
Inicialmente, o projeto deve fornecer almôndegas de peixe a uma escola municipal. A intenção é que futuramente uma maior variedade de produtos industrializados seja fornecida às 23 escolas do município, além de escolas de dois municípios próximos a Marechal Cândido Rondon. Com isso, devem ser beneficiadas de 15 a 20 mil crianças.
De acordo com o coordenador do projeto, a inserção do peixe na merenda escolar é muito importante. “O peixe é rico em proteínas de alta qualidade. A ingestão de peixe, mesmo em pequenas quantidades, reflete no desenvolvimento do cérebro das crianças, pois o alimento contém praticamente todos os aminoácidos essenciais”, disse.
Outro objetivo do projeto é treinar as merendeiras para manusear os produtos adequadamente. “O peixe é um alimento perecível. Por isso, a importância de passar as recomendações higiênicas às merendeiras e de instalar uma indústria para que o preparo e a manipulação sejam adequados. Queremos reforçar a qualidade e criar uma indústria que tenha padrão”, disse Feiden.
Iniciado em janeiro deste ano, o projeto envolve dois biólogos e dois acadêmicos da Unioeste, um do curso de Engenharia da Pesca e outro de Zootecnia. O projeto ainda conta com a parceria com a Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon e Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná. “Nosso objetivo é recuperar a indústria do pescado na região. A merenda é apenas o início, pois o produto processado pode ser vendido em feiras, supermercados e outros lugares. Hoje, o projeto é essencial para a piscicultura local, que não tem alternativa de mercado. Mesmo com o projeto terminando, o processo de formação de novos mercados deve continuar”, finalizou Feiden.