Rodas de conversa e artesanato ajudam moradoras de Matinhos 19/03/2009 - 16:50

Em julho de 2008, após a morte de seu pai, Sandra Maria de Salvi encontrou consolo ao ensinar pessoas de Matinhos a trabalhar com o tear. “Estava perdida, sem rumo mesmo. Mas fiz muitas amizades”, revela Sandra. “Uma estagiária me convidou, disse que precisavam de alguém que mexesse com o tear. Meu marido que disse, ‘a Sandra é boa no tear’. Fui com muito medo, mas hoje sou grata”.
O equipamento era apenas um hobby para Sandra, que fazia tapetes e, principalmente, panos decorados. “Não pegava mais no tear porque não tinha tempo”, diz a artesã, que ainda destaca o bom ambiente dentro do projeto. “É um negócio que me puxa, ver o pessoal conhecer coisas novas, trabalhar duro”. Sandra é uma das 16 mulheres que atuam no projeto “Promoção da qualidade de vida por meio do desenvolvimento humano, cultural e profissional das famílias vinculadas ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI”, que é realizado em Matinhos, litoral do Paraná.
Iniciado em julho de 2007, o projeto foi aprovado três meses depois e inserido no Universidade Sem Fronteiras, considerado o maior programa de extensão universitária do país e implementado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI). O “Promoção da qualidade de vida...” é uma iniciativa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Secretaria da Criança e Desenvolvimento Social de Matinhos e a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências de Paranaguá (Fafipar).
De acordo com a colaboradora Cristiane Rocha Silva, o foco da ação está em rodas de conversa, que discutem as relações das mulheres participantes com seus filhos e familiares e a auto-estima da mulher, além de estimular a confecção, divulgação e comercialização de produtos artesanais. “Elas também fazem parte da tomada de decisões do projeto – quem entra, o que comprar, o que não comprar”, diz Cristiane, ex-coordenadora do projeto. As atividades são voltadas para mulheres que não possuam renda fixa, além de não possuir professores propriamente ditos. “Aqui todas são ao mesmo tempo professoras e artesãs”, afirma Cristiane.
Para Sandra, as rodas de conversa são gratificantes. “Foi uma grande reviravolta, encontrar essas pessoas com bastante força de viver”, diz a artesã, que ainda afirma que pretende continuar no projeto em 2009.