Seti e Iapar lançam Projeto Juçara em Antonina 31/03/2009 - 09:40

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) lançaram nesta segunda-feira (30), em Antonina, o projeto  “Geração de tecnologias para produção comercial de polpa de frutos de juçara (Euterpe edulis Mart.) no Litoral do PR”. Com o objetivo de gerar emprego e renda aos agricultores familiares dos municípios de Antonina, Guaraqueçaba e Morretes, o projeto também pretende contribuir com a conservação da palmeira juçara, espécie hoje ameaçada de extinção.
De acordo com a secretária de Estado Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, esse projeto é muito importante para transferir conhecimento e renda às pequenas propriedade rurais. “Quando assumi a Secretaria, tinha pela frente um desafio muito grande, o de colocar a ciência, a tecnologia e o conhecimento à disposição da sociedade paranaense. Através de projetos como esse, será possível chegar a cada uma das 100 mil propriedades familiares do Estado e dar dignidade e renda aos agricultores”, disse.    
Segundo o presidente do Iapar, José Augusto Teixeira de Freitas Picheth, o projeto é uma conquista também para a instituição de pesquisa. “O Iapar desenvolve há 37 anos pesquisa e trabalhos em prol do desenvolvimento do Estado. O projeto da palmeira juçara é uma conquista não só para os agricultores dessa comunidade, mas também para o Iapar, que pode cumprir a sua função de contribuir com o avanço da agricultura, sobretudo de pequenos agricultores”, ressaltou.
Coordenado pelo engenheiro agrônomo do Iapar de Ponta Grossa, Francisco Paulo Chaimsohn, o projeto está recebendo investimentos da Seti / Fundo Paraná de R$ 50 mil. O projeto é realizado em parceria com a Associação de Pequenos Produtores Rurais e Artesanais de Antonina (Aspran), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e conta com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo o engenheiro agrônomo Chaimsohn, atualmente existe uma demanda crescente pelo açaí. Consumido principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Norte do país, já existe demanda pela fruta também no exterior. “Estudos demonstraram que o açaí extraído da palmeira juçara possui mais antocianinas (um poderoso antioxidante) do que o produzido no Norte do país. Esse projeto tem uma importância sócio-ambiental muito grande, pois proporcionará uma fonte de renda aos agricultores sem destruir a planta”, afirmou.
O presidente da Aspran, Gabriel Flizikowski, está com boas perspectivas em relação ao projeto. “Para nós da Aspar, esse projeto foi um presente do céu. Há dois anos já estávamos trabalhando com o fruto da palmeira juçara, mas com o projeto conseguimos  equipamentos e acompanhamento e apoio na logística, na produção e na seleção dos frutos. Esperamos que esse seja o início de um novo ciclo de prosperidade para a região”, comemorou.
Já o prefeito de Antonina, Carlos Augusto Machado, afirmou que o projeto só obtém êxito devido às parcerias. “Esse projeto só está sendo possível graças à irmandade de diversas instituições e, principalmente, da comunidade, que procurou parceiros para tornar esse sonho realidade. Além das questões ambientais, o projeto ajudará no resgate da área rural do município”, arrematou.
O lançamento do projeto  “Geração de tecnologias para produção comercial de polpa de frutos de juçara (Euterpe edulis Mart.) no Litoral do PR” contou ainda com a participação do deputado federal Dr. Rosinha, representantes da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, vereadores do município e agricultores beneficiados pelo projeto.   
Durante o encontro, também foi realizada a entrega oficial (em comodato) de equipamentos – balanças, tanques de aço inox, máquina de soldar plástico, refratômetro e refrigeradores – para a Aspran, que já está produzindo o açaí do palmito juçara.  
PALMITO JUÇARA – Euterpe edulis, o palmiteiro ou palmito juçara, é o principal produto não-madeirável da Mata Atlântica. Quase chegou a ser quase extinto e, atualmente, é um componente escasso da floresta. Embora a extração do palmito seja uma atividade socioeconômica importante no litoral do Paraná, a legislação ambiental vigente não a permite, sendo realizada de modo clandestino.
Entretanto, a exploração de frutos pode se tornar uma alternativa mais lucrativa do que a extração do palmito, além de contribuir para a conservação da espécie. O açaí obtido de frutos de juçara pode ser utilizado para compor bebidas energéticas, sucos, produtos nutracêuticos, cosméticos, entre outros, de forma similar ao açaí produzido no Norte do Brasil.
Os frutos, após serem despolpados, fornecem como produto não só a polpa para ser consumida como alimento, mas também uma grande quantidade de sementes que podem ser utilizadas para o repovoamento de áreas onde o palmito foi extinto e não há mais capacidade de regeneração natural.
Um aspecto positivo do manejo da juçara para a produção do açaí, em relação ao manejo para palmito, é que sua retirada implica morte da planta, que leva de cinco a oito anos para chegar a um estágio de corte, enquanto a coleta de fruto pode ser feita ano após ano com a mesma planta, pois não é necessário cortá-la. A utilização do fruto do palmito juçara também é mais rentável aos agricultores do que a extração do palmito.