Universidade Sem Fronteiras contribui com indústria da panificação no Oeste do PR 26/03/2009 - 11:00

Moradora da cidade de Corbélia, no Oeste do Paraná, a agricultora Maria de Lurdes Pilar Tebaldi, conhecida como Lurdinha, está descobrindo novas oportunidades ao participar de um projeto do Universidade Sem Fronteiras, programa mantido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) que tem o objetivo de aproximar a sociedade em geral do conhecimento desenvolvido no ambiente acadêmico. “O mais interessante é que estamos aprendendo a panificação industrial. A maioria das pessoas que está fazendo o curso nunca viu uma batedeira industrial, por exemplo. Além disso, esse é um curso profissionalizante”, afirmou a agricultora.
Ministrado em Cascavel, em parceria com a Faculdade Assis Gurgacz (FAG), o projeto “Educação continuada em panificação e desenvolvimento de novos produtos” é destinado a funcionários de panifica, pequenos produtores e donas de casa. Além dos ensinamentos sobre manipulação e higienização, repassados por nutricionistas e engenheiros agrônomos, Lurdinha contou que aprendeu a fazer produtos diferenciados, como pães de forma,  pães doces, panetones e outros.
“Vale muito à pena deslocar-se de Corbélia até Cascavel para participar do curso. Com ele, aprendemos novas receitas e contribuímos para melhorar a qualidade dos produtos da associação”, disse. A associação a que agricultora se refere é a “Varanda Colonial”, que auxilia na geração de renda de agricultoras da cidade através da comercialização de pães, rocamboles, bolos, pastéis e sanduíches. Ao todo, oito pessoas de Corbélia participam do curso.
O coordenador do projeto, engenheiro agrônomo e doutor em processamento de alimentos, Dermânio Tadeu Lima Ferreira, explica que esse é um projeto muito importante para a região. “O Paraná é o maior produtor de trigo do Brasil. Dentro do Estado, a região Oeste é a que mais produz a cultura, com o maior número de moinhos instalados. Por isso, a relevância do projeto”, citou.
Devido ao valor econômico, são desenvolvidos vários projetos em torno da cadeia do trigo na região, desde o cultivo, passando pelo processamento em moinhos e pela transformação nas panificadoras, até a produção de massas, pães e biscoitos. “Como gostaríamos que o curso fosse gratuito, já que a maioria dos profissionais não têm condições de pagar por uma qualificação, vimos no Universidade Sem Fronteiras a oportunidade para atender à necessidade de formação de padeiros”, ressaltou.
A capacitação aos participantes do projeto é feita por profissionais recém formados e acadêmicos de diversas áreas, sob supervisão de professores orientadores. Este projeto envolve aproximadamente dez pessoas, que são responsáveis pela disseminação do conhecimento. “Com o curso é possível capacitar tanto os acadêmicos e recém formados, como a comunidade em geral”, disse o professor.
O projeto
Além das técnicas de panificação propriamente ditas, os participantes do curso recebem noções de informática, de administração e gerenciamento de negócios. Ao todo, devem ser ministrados 15 módulos, de 16 ou 8 horas/aula. Iniciado no fim do ano passado, o projeto tem duração prevista de 13 meses.
O curso é destinado a toda a região Oeste do Paraná. Ele já envolve o município de Cascavel e cidades vizinhas, mas a intenção é que o curso beneficie também cidades como Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Medianeira. A expectativa é atingir cerca de 3.000 pessoas. Até agora, 60 pessoas já foram capacitadas pelo curso. “Já estamos tendo um retorno bastante positivo do programa. Muitos dos participantes já estão se interessando em montar novos negócios e fazer produtos diferenciados ”, salientou o professor Dermânio Ferreira.  
O diretor de Relações Públicas do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Oeste do Paraná (Sindap), Gilberto Luiz Bordin, também aprova a iniciativa do curso. “Estamos muito satisfeitos com o projeto. Essa é uma questão pela qual estávamos lutando há muito tempo. A parceria supre a necessidade de treinamento e capacitação tanto em relação à panificação básica, como em relação à panificação elevada (destinada a quem já trabalha com a atividade)”, afirmou.
Bordin destacou que muito mais do que saber misturar os ingredientes, o padeiro deve saber porque cada um deles é adicionado à massa e o que uma possível alteração pode provocar. “O curso acaba refletindo no faturamento da panificadora. É claro que isso não é detectado imediatamente, mas ter um profissional capacitado gera um resultado melhor ao final do processo”, disse o diretor de Relações Públicas do Sindicato. O Sindap representa 450 panificadoras e confeitarias instaladas em 53 municípios da região Oeste do Estado.
O projeto “Educação continuada em panificação e desenvolvimento de novos produtos” deve servir como incentivo para criação de um curso especializado na área de panificação, culminando, futuramente, na criação de um Centro Tecnológico de Panificação.