Universidades avançam no intercâmbio com a América Latina e Europa 22/10/2012 - 08:37

A tradição em pesquisa e produção de novos conhecimentos nas áreas de produção de alimentos, saúde e estudo de idiomas transformou a Universidade Estadual de Londrina (UEL) em referência para estudantes de instituições de diversos países e para centros de pesquisa. Neste ano, a UEL avançou na chamada mobilidade acadêmica, a partir de novos intercâmbios formalizados com universidades latino-americanas.

Em setembro, o Conselho de Administração (CA) aprovou Protocolos de Intenções e Acordo de Intercâmbio Acadêmico com a Universidade Nacional de Santiago Del Estero, da Argentina; com a Universidad de Yucatán, do México; e com a Universidade Nacional Mayor de San Marcos, do Peru, que adota a metodologia desenvolvida pela Bebê-Clínica da UEL, referência em tratamento preventivo de cáries em bebês.

A mobilidade acadêmica tem sido o principal veículo da internacionalização das universidades estaduais do Paraná. Convênios deste tipo ganharam impulso nos últimos anos, por exemplo, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que mantém acordos de cooperação e mobilidade estudantil e docente com instituições europeias (Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Alemanha), além de ter implantado, em 2011, o Programa de Mobilidade Estudantil Internacional (Promei).

“O processo de internacionalização das instituições de ensino superior de todo o Brasil vai trazer grandes benefícios ao país, principalmente, nos setores de tecnologia e inovação”, afirma o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal, a quem as universidades estão ligadas. Tanto é verdade que o governo federal está fazendo grande esforço para atingir as metas estabelecidas para o programa Ciência sem Fronteiras, de enviar para o exterior até 2014 cerca de 100 mil estudantes.

Para o reitor da UEPG, João Carlos Gomes, “a experiência internacional é um diferencial na carreira de qualquer profissional”. Segundo ele, foi por isso que a instituição que dirige criou o Promei, que permite à instituição enviar seus alunos para períodos de estudo no exterior, assim como receber alunos e professores de instituições estrangeiras. “Este processo deve ter mão dupla, porque o Brasil, com um sistema universitário sólido e em expansão, também tem muito a oferecer aos outros países”, diz.

Também a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro) é beneficiária de acordos amplos com instituições de diversos países feitos pela CAPES para o programa Ciência Sem Fronteiras. Com base neste e outros programas, estudantes estão estudando na Argentina, Alemanha, Canadá, Colômbia, Chile, México, Paraguai, Uruguai, Portugal, Ucrânia, Estados Unidos, Irlanda, Espanha, Itália, Bélgica e países da África. A Unicentro trabalha para mediar ações efetivas de cooperação, com vistas a parcerias de curta e longa duração, tais como planos de coletas de dados, intercâmbios entre pesquisadores visitantes, doutorados sanduíche e pós-doutorados.

Na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), um dos mais atuantes nesta área é o Grupo de Pesquisa em Tecnologia de Produção e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos (Getech), vinculado ao campus de Toledo da instituição. Desde 2007 mantém parcerias internacionais com a Universidade do Mississipi (Mississippi State University), com o Serviço Geológico Americano, com o Laboratório Silvio O. Conte de Massachusetts, e com a Universidade de Valladolid da Espanha.

Segundo o professor Sérgio Makrakis, o trabalho do Getech proporciona muitos recursos para a cidade de Toledo. Ele explica que, por intermédio das pesquisas, são captados recursos financeiros todos os anos, e essa quantia é usada para pagar funcionários, bolsistas e estagiários. “Este montante fica em nosso município, acho importante destacar isso, pois é necessário que Toledo perceba esta ação”, avalia.

A Faculdade de Artes do Paraná (FAP), que integra a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), assinou, em setembro, termo de cooperação com a Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3. A previsão é a atuação conjunta nos vários departamentos que as duas entidades possuem em comum: Departamento de Cinema e Audiovisual, Instituto de Comunicação e Mídia, de Estudos Teatrais, de Mediação Cultural e Escola de Doutorado em Artes e Mídia.

O acordo com a universidade francesa permite o intercâmbio de estudantes, de professores e de pesquisadores. Permite ainda a colaboração em pesquisas sobre temas comuns e criação de equipes mistas de pesquisa; e publicações conjuntas .

De lá e de cá – A UEPG começou ainda em 1995 seu processo de internacionalização, quando o Escritório para Assuntos Internacionais (EAI) enviou os primeiros estudantes do curso de Agronomia para estudos em fazendas e empresas do agronegócio dos Estados Unidos. Agora, a instituição tem alunos em universidades da América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e Oceania.

O Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UEL, abriga desde abril o estudante paquistanês Ibrar Hussain, bolsista do programa internacional TWAS/CNPQ. O estudante deverá permanecer quatro anos no Brasil pesquisando frutas antioxidantes, como amora, mirtilo e framboesa.

Em julho de 2011, quatro professores da UEL – entre 278 do Brasil – foram selecionados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para estágio sênior e pós-doutoral. Eles farão estudos avançados na University of Mariland at College Park, nos Estados Unidos; na Universidade de Lisboa; na Universitat Jaume I, da Espanha, e na Freie Universitat Berlin, da Alemanha.

Flexibilização – Algumas barreiras e dificuldades tiveram de ser contornadas para que os alunos não sofressem danos à sua carreira ao participar de intercâmbios. O programa da universidade de Ponta Grossa, por exemplo, tem uma linha de flexibilização de conteúdos e do calendário universitário, que se diferencia bastante das práticas empregadas nos Estados Unidos e Europa, principalmente. “O primeiro passo é desengessar nossos currículos”, diz o reitor João Carlos Gomes, reforçando que um aluno não pode perder um ano (ou período) do seu curso, porque a ementa da universidade em que desenvolveu estudos no exterior é diferente da nossa grade curricular.

Segundo ele, outra barreira a ser superada ainda é a questão da língua. “Temos que preparar nossos alunos para enfrentar esses desafios” diz, lembrando que em recente viagem à Bélgica, manteve contatos em instituições que recebem apenas alunos que falem o holandês e outras que exigem o inglês.

A UEPG mantém convênios com 30 instituições de 11 países da Europa, América Latina, América do Norte e Ásia. Atualmente 34 acadêmicos de vários cursos desenvolvem estudos em universidades dos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Dinamarca, Bolívia, França, Canadá, Itália, Paraguai, Holanda e Nova Zelândia. Entre os principais e mais antigos acordos de cooperação internacional se destaca o convênio estabelecido com a Ohio State University que, há 16 anos, permite que a UEPG leve aos Estados Unidos seus alunos e até estudantes de outras instituições paranaenses, para estágio em horticultura e agricultura.

Através do programa federal Ciência sem Fronteiras, a UEPG conta com mais de 40 estudantes no exterior. Pelo seu desempenho nos sistemas de avaliação do Ministério da Educação, se credenciou a receber bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), este último reservado a alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

“A UEPG foi uma das poucas universidades do país que fechou a chamada cota de bolsas institucionais”, comenta o reitor, referindo-se aos 20 alunos que se encontram em universidades da Alemanha, França, Espanha, Portugal e Estados Unidos, para período de estudos de um ano. Outros 15 alunos foram selecionados pela participação direta nos editais do Ciência sem Fronteiras lançados pela CAPES em parceria com as instituições estrangeiras. Outros estudantes foram contemplados com bolsas do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI/CAPES) e do Banco Santander.