Universidades e faculdades têm mais estrutura para difundir conhecimento 20/05/2009 - 16:20

A secretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, apresentou, na Escola de Governo, desta terça-feira (26), os resultados dos principais programas e projetos. A Secretaria detém orçamento de R$ 1,4 bilhão para este ano, 167% maior que em 2002, quando era de aproximadamente R$ 500 milhões. A pasta engloba seis universidades e sete faculdades estaduais, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Instituto Tecnológico Simepar e Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná.
O Programa de Reestruturação do Sistema Público do Ensino Superior está investindo R$ 207 milhões em obras e equipamentos. “Esses investimentos só são possíveis porque o governo destina 2% da arrecadação estadual às nossas instituições ensino superior e de pesquisa”, disse a secretária.
De 2003 até o fim deste ano, serão investidos R$ 157 milhões na construção ou reforma de 176 mil metros quadrados. Já em equipamentos, serão R$ 50 milhões. “Quem visitou as instituições estaduais de ensino superior antes de 2002 não as reconhecerá atualmente, pela quantidade de obras que realizamos. É como se uma nova Universidade Estadual de Londrina (UEL), a maior do nosso sistema, fosse construída novamente”, citou Lygia.
CONHECIMENTO – A secretária explicou que o conceito que norteia as ações da Secretaria atualmente é a Economia do Conhecimento. Fruto do intercâmbio com a região de Rhonê-Alpes, na França, o conceito incentiva a formação de pessoas, geração de empregos, descentralização de informação, redução das desigualdades, criação de espaços de cidadania e a participação democrática. Segundo Lygia, a crise atual nos trouxe uma reflexão a respeito do atual modelo de desenvolvimento que já fracassou. “É necessário sair desse sistema. A informação e o conhecimento determinaram a supremacia dos países nos últimos anos. Temos que democratizar o conhecimento e transferir a tecnologia para a sociedade. Essa é a oportunidade para que se instale um novo modelo econômico, baseado no conhecimento”, citou.
Como maneira de avançar nesse novo modelo, o primeiro passo a ser dado é em relação às cooperações. Para isso, a Secretaria estabelece diversos convênios e acordos com países do Mercosul e da Europa. A parceria com a região francesa de Rhône-Alpes, por exemplo, já resultou na criação da Escola Tecnológica de Leites e Queijos dos Campos Gerais, localizada em Castro e mantida pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Além disso, 50 estudantes da cidade francesa de Lyon passarão seis meses no Brasil para participar do Programa Universidade Sem Fronteiras e disseminar as ações de extensão universitária na Europa.
Para a secretária Lygia, os avanços conquistados nos últimos anos devem-se à soma de esforços. “Temos uma rede distribuída no Estado, com profissionais competentes e, mais importante do que isso, com pessoas comprometidas com o desenvolvimento do Paraná. Costumo dizer que estamos fazendo uma revolução silenciosa, disseminando e compartilhando o conhecimento na sociedade”, disse.
Já para o presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp) e diretor da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar), Antônio Alpendre da Silva, nunca o ensino superior foi tão valorizado no Estado. “Este governo foi um divisor de águas para o ensino superior. Desde a escolha dos secretários, que são pessoas que conhecem o assunto, até a democratização das relações. Os resultados das ações da Secretaria são notados a médio e longo prazo, mas já é possível perceber o bom desempenho que as instituições estaduais de ensino tem obtido nas avaliações do Ministério da Educação”, avaliou.
SEM FRONTEIRAS – O maior programa de extensão universitária do país, o Universidade Sem Fronteiras, lançado em outubro de 2007 e com investimentos de R$ 40 milhões até o ano que vem, foi apresentado pela secretária. Segundo ela, o programa foi criado com o objetivo de proporcionar formação mais humanística aos alunos das universidades e faculdades públicas do Paraná. “As nossas universidades estão entre as melhores do Brasil. Com esse programa, os jovens estão atuando nas cidades de menor porte”, disse.
Lygia afirmou que há o dever de retornar à comunidade paranaense os investimentos feitos no ensino superior, no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “Vamos atingir, este ano, a meta de 4 mil bolsistas em 451 projetos de extensão universitária, beneficiando 280 municípios”, explicou. A maioria desses municípios está concentrada nas regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, de acordo com levantamento do Ipardes.
A secretária falou sobre alguns dos principais subprogramas do Universidade Sem Fronteiras, desenvolvidos em parcerias com diversos órgãos do Governo. Dentre eles, o Apoio à Educação Básica, que contempla os cursos de licenciatura das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) e estimula o diálogo. Nessa área, os projetos prioritários são das áreas da matemática, física e química.
As Incubadoras de Direitos Sociais contemplam uma experiência de vanguarda na extensão universitária, realizada em parceria com a Secretaria da Criança e da Juventude. “Queremos contribuir junto aos setores marginalizados da sociedade, junto às populações de vulnerabilidade social, com projetos que vão desde a realização de estudos antropológicos de tradicionais áreas de quilombolas no Paraná, até projetos que tratam da violência contra a mulher”, explicou.
AGRICULTURA – Os projetos de Apoio à Agricultura Familiar e à Pecuária Leiteira criaram oito Centros Mesorregionais de Excelência em Tecnologia do Leite. As unidades serão estrategicamente distribuídas nas regiões produtoras e permitirão o apoio ao produtor rural e também a formação em nível de pós-graduação.
Outra iniciativa que contempla o setor leiteiro é a Escola Tecnológica de Leite e Queijos dos Campos Gerais, que recebeu a primeira turma de 30 alunos no último dia 16 e contou com 125 inscrições. A escola faz parte da parceria internacional mantida com a região francesa de Rhône-Alpes.
Iniciados em abril deste ano, os 50 projetos de agroecologia preveem ações em 121 municípios e terão R$ 7 milhões em investimentos até 2010, segundo a secretária, e estão afinados com o programa de Governo, que visa uma agricultura sustentável. Além de alunos das universidades, o programa envolve também 100 alunos das escolas técnicas, totalizando mais de 600 pessoas, e numa forma de contraponto com as multinacionais. O governador Roberto Requião lembrou que, esta semana, a Associação Médica dos Estados Unidos pediu a moratória dos transgênicos naquele país e que esta tem sido uma luta do Governo do Paraná.
Ainda em benefício ao setor agrícola, a secretária anunciou o lançamento, em agosto deste ano, da Certificação Pública da Produção Orgânica. Termo de compromisso assinado durante a Escola de Governo desta terça-feira (26) prevê a formação da Rede Paranaense de Certificação, juntamente com o Tecpar e com as seis universidades estaduais do Paraná.