Campus de Toledo atende crianças com altas habilidades 16/10/2012 - 16:22

Crianças com Altas Habilidades/Superdotação (AH/S) recebem cuidados especiais no campus de Toledo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, oferece aulas para dois grupos de crianças desde o ano passado. O trabalho vincula o ensino de Filosofia ao atendimento especializado oferecido às crianças de escolas municipais de Toledo, identificadas com altas habilidades.

Uma das turmas se reúne às terças-feiras pela manhã e a outra no período da tarde de sexta-feira. Conforme relata a coordenadora, Michelle Silvestre Cabral, uma das características das crianças com altas habilidades é a leitura precoce. “Temos um caso de aluna que começou a ler aos dois anos de idade; em geral, essas crianças desenvolvem muito cedo a leitura”, conta.

De acordo com Michelle, as crianças são identificadas pelos professores, que percebem a diferença e as encaminham para acompanhamento com psicólogos e psicopedagogos. A professora diz também que o trabalho dos professores da Unioeste consiste em desenvolver metodologias para que essas crianças possam lidar com suas peculiaridades. “Aqui procuramos trabalhar com elas em grupo, buscando desenvolver os potenciais de cada uma”, comenta. Ela lembra que cada criança possui habilidades diferentes.

Michelle explica que a importância do projeto está na experiência enriquecedora que traz aos participantes, porque nas escolas de ensino regular, eles convivem com outros alunos que têm a mesma idade, mas que nem sempre conseguem interagir, pois muitas vezes, não compartilham as dificuldades e conflitos que acompanham e caracterizam as crianças com altas habilidades. “Aqui eles convivem com crianças parecidas com eles”, ressalta.

Sobre a necessidade de repassar valores para as crianças, a professora comenta que isso é pensado e praticado pelos professores do projeto. “Buscamos dialogar sobre a importância de valores com as crianças, como o respeito pelo próximo e pelas diferenças, o pensamento cuidadoso, entre outros”, comenta.

Gabriel é um dos participantes e conta que durante os encontros estudam bastante. “Desenvolvemos as nossas ideias com a ajuda da professora. A gente escreve, desenha, pinta”. Conforme a mãe de Gabriel, Tânia Salete Bilato, participar deste projeto está sendo muito bom para ele. Ela relata que o filho tem muita curiosidade. “Eu não consigo acompanhar tudo que ele pensa e fala, aqui ele pode se soltar e trabalhar sua criatividade”, relata.

Michele Terezinha Vieira também traz a filha para participar. Ela diz que por intermédio desses encontros sua filha adquiriu mais confiança. “Nós observávamos que ela tinha um bom desenvolvimento, mas não conseguia aplicá-los com as outras crianças. Ela às vezes se sentia um pouco diferente dos outros colegas e ficava insegura com isso, e se retraía. Agora está mais segura, melhorou o relacionamento na escola”, ressalta a mãe.

Dificuldades

Michelle Cabral informa que crianças com altas habilidades costumam ter dificuldades em lidar com contradições surgidas a partir da facilidade com que desenvolvem certas atividades, em contraste com outras. “Às vezes uma habilidade intelectual não é acompanhada pelo desenvolvimento motor ou uma habilidade artística não vem acompanhada pelo desenvolvimento intelectual”, comenta.

Altas Habilidades

Conforme a Política Nacional de Educação de 1994, as pessoas com Altas Habilidades apresentam desempenho acima da média ou potencialidades em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial nas artes psicomotoras.

Algumas das habilidades são desenvolvimento da fala precocemente; vocabulário amplo; excelente habilidade na leitura; manutenção da concentração; trabalhar com pensamentos abstratos; reter e transmitir informações; excelente memória; imaginação fértil; amplo conhecimento geral; liderança; apresenta dificuldades em fazer amizade com pessoas da sua faixa etária; impaciência com tarefas escolares que consideram sem propósito.