Grupo da UEL participa de missão espacial em 2015 11/10/2013 - 17:00
O Grupo de Instrumentação Eletrônica e Sistemas Inerciais, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), está participando, pela segunda vez, do Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). O grupo, do Departamento de Engenharia Elétrica (CTU), foi contemplado com R$ 184,48 mil da AEB para dar continuidade à criação de um instrumento para medir as acelerações de uma plataforma de microgravidade.
A experiência “Plataforma de Aquisição para Análise de Dados de Aceleração (PAANDA) vai ser testada em ambiente simulado de gravidade zero no voo espacial previsto para meados de 2015, no Centro de Lançamento de Alcântara, que fica no Maranhão, juntamente com experiências científicas de diversas universidades brasileiras.
Em julho de 2007, o grupo da UEL integrou a Missão Cumã II, que lançou o VSB-30 V04 (quarto Foguete de Sondagem da série VSB-30). Naquela missão foi testada a primeira versão da PAANDA. Participaram da missão, além da UEL, instituições que têm tradição nesses estudos como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e também o Centro Universitário FEI.
O experimento da UEL pode ser considerado um sucesso. Mais que isso entrou para a história da pesquisa aeroespacial do país ao conseguir produzir um protótipo e embarcá-lo no VSB30.
O veículo atingiu uma altitude de 250 quilômetros e permaneceu no espaço durante 6 minutos em um ambiente de microgravidade.
O ambiente de microgravidade ou ambiente simulado de gravidade zero é obtido quando o veículo sai da atmosfera e entra em queda livre. O veículo separa-se de seu motor e inicia um procedimento para zerar suas rotações. A partir deste instante e enquanto estiver em queda no espaço ele estará em microgravidade.
RESULTADOS PRÁTICOS – O coordenador do projeto, professor Marcelo Tosin, espera repetir a experiência de olho no domínio de novas tecnologias. Ele explica que o ambiente de microgravidade permite observar determinados fenômenos que seriam impossíveis sob a ação da gravidade da terra. Neste ambiente, por exemplo, podem ser realizadas pesquisas biológicas, sintetizados novos materiais e substâncias e testados equipamentos eletrônicos.
Os londrinenses buscam desenvolver um instrumento capaz de medir níveis de aceleração um milhão de vezes menores que a gravidade da terra, de forma a monitorar o ambiente de microgravidade gerado no veículo em queda livre no espaço. Para isto, o instrumento utiliza sensores de aceleração (acelerômetros) de altíssimo desempenho. Apenas para comparação, os controles de videogame atuais também utilizam acelerômetros e outros sensores para mapear os movimentos do usuário. No entanto, os sensores utilizados na PAANDA possuem uma resolução mil vezes melhor
Segundo o professor, o Brasil, apesar de figurar entre as dez maiores economias mundiais, apresenta um déficit tecnológico impressionante. “Esses sensores não são fabricados no Brasil, não temos sequer tecnologia para isso”, reclama Tosin. Ele explica que os estudos do grupo focam em projetar e construir circuitos e desenvolver técnicas para ler e tratar os sinais oriundos destes acelerômetros.
“Estes circuitos precisam ter um desempenho melhor que os próprios acelerômetros se quisermos obter as informações de aceleração com a qualidade necessária para monitorar o ambiente de microgravidade do veículo. Além disso, os circuitos precisam sobreviver ao ambiente gerado pelo voo em um foguete de sondagem como o VSB-30 até chegarem ao espaço”, complementa ele.
Neste ambiente, as vibrações e variações de temperatura aos quais as experiências são submetidas são muito grandes. Todos estes fatores transformam o projeto em um grande desafio tecnológico.
Na justificativa do projeto encaminhado à AEB, o professor define que o objetivo principal da próxima missão será monitorar o ambiente de microgravidade, além de medir acelerações impostas à plataforma durante as etapas do voo – ignição, propulsão, separação, frenagem das rotações, entrada em microgravidade, acionamentos do controle de rotação, saída da microgravidade e reentrada na atmosfera.
O grupo tenta obter o perfil de acelerações do veículo de forma a avaliar o desempenho do instrumento. Os dados também são importantes para correlacionar os efeitos ou fenômenos observados pelas experiências científicas com as acelerações residuais do ambiente de microgravidade. Com isso, será possível validar as experiências realizadas, tendo certeza que estas foram expostas a um ambiente com acelerações pequenas o suficiente.
Outros resultados esperados são a formação de recursos humanos especializados já que o grupo reúne alunos de graduação e de pós-graduação. Os resultados deverão ainda ser publicados em revistas cientificas especializadas e apresentados em congressos científicos.
ALCÂNTARA – Na primeira missão, em 2007, Tosin acompanhou pessoalmente o lançamento da PAANDA, no Centro de Alcântara, juntamente com o professor Francisco Granziera Junior, do mesmo departamento, e do engenheiro Luis Guilherme Gimenez de Souza, aluno de pós-graduação no curso de Engenharia Elétrica da UEL. Tosin conta que o foguete chegou a voar durante 15 minutos, atingindo 7.200 km/h e, caindo, posteriormente, no mar maranhense, a cerca de 160 quilômetros da base de lançamento.
O experimento, bem como os demais sete projetos embarcados no veículo, foram totalmente perdidos. Os dados, no entanto, foram recuperados uma vez que as informações de aceleração puderam ser transmitidas em tempo real, por ondas de rádio. Ele explica que além do domínio tecnológico, científico e de engenharia, os pesquisadores precisam de uma boa noção de eletrônica, de componentes eletrônicos, além saber mensurar a capacidade de resistência de diversos materiais. “O equipamento tem que sobreviver ao lançamento e operar corretamente em um ambiente de muita vibração e variação térmica”, orienta Tosin.
O professor Francisco Granziera Junior explica que o voo de um foguete é marcado por turbulências, oscilação rápida de temperatura e alto risco. Por isso, antes do voo o projeto científico passa por testes e ensaios de qualificação que buscam garantir a resistência de todos os materiais e componentes utilizados nas piores condições de temperatura e vibração.
Segundo o professor, o protótipo passa, inicialmente, por um ensaio de vibração, em que é colocado dentro de um aparelho denominado “Shaker”, que simula as vibrações do veículo durante o voo. Numa segunda etapa, é submetido a testes térmicos, que buscam encontrar falhas nos circuitos sob variações drásticas de temperaturas. De acordo com o professor, durante o deslocamento na atmosfera o veículo esquenta rapidamente e a PAANDA ultrapassa os 65 graus.
Granziera Junior lembra ainda que o voo da Operação Cumã II foi acompanhado passo a passo pelos militares em Alcântara. Toda a operação foi rastreada, no sentido de tentar recapturar o veículo após a missão. O professor lembra que após cair no mar os militares chegaram a ir em busca do aparelho no litoral do Maranhão, em um helicóptero com pessoal especialmente treinado para o resgate. Infelizmente o veículo não foi encontrado. O projeto da UEL teve todo os dados recuperados, mas alguns experimentos acabaram sendo prejudicados.
A experiência “Plataforma de Aquisição para Análise de Dados de Aceleração (PAANDA) vai ser testada em ambiente simulado de gravidade zero no voo espacial previsto para meados de 2015, no Centro de Lançamento de Alcântara, que fica no Maranhão, juntamente com experiências científicas de diversas universidades brasileiras.
Em julho de 2007, o grupo da UEL integrou a Missão Cumã II, que lançou o VSB-30 V04 (quarto Foguete de Sondagem da série VSB-30). Naquela missão foi testada a primeira versão da PAANDA. Participaram da missão, além da UEL, instituições que têm tradição nesses estudos como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e também o Centro Universitário FEI.
O experimento da UEL pode ser considerado um sucesso. Mais que isso entrou para a história da pesquisa aeroespacial do país ao conseguir produzir um protótipo e embarcá-lo no VSB30.
O veículo atingiu uma altitude de 250 quilômetros e permaneceu no espaço durante 6 minutos em um ambiente de microgravidade.
O ambiente de microgravidade ou ambiente simulado de gravidade zero é obtido quando o veículo sai da atmosfera e entra em queda livre. O veículo separa-se de seu motor e inicia um procedimento para zerar suas rotações. A partir deste instante e enquanto estiver em queda no espaço ele estará em microgravidade.
RESULTADOS PRÁTICOS – O coordenador do projeto, professor Marcelo Tosin, espera repetir a experiência de olho no domínio de novas tecnologias. Ele explica que o ambiente de microgravidade permite observar determinados fenômenos que seriam impossíveis sob a ação da gravidade da terra. Neste ambiente, por exemplo, podem ser realizadas pesquisas biológicas, sintetizados novos materiais e substâncias e testados equipamentos eletrônicos.
Os londrinenses buscam desenvolver um instrumento capaz de medir níveis de aceleração um milhão de vezes menores que a gravidade da terra, de forma a monitorar o ambiente de microgravidade gerado no veículo em queda livre no espaço. Para isto, o instrumento utiliza sensores de aceleração (acelerômetros) de altíssimo desempenho. Apenas para comparação, os controles de videogame atuais também utilizam acelerômetros e outros sensores para mapear os movimentos do usuário. No entanto, os sensores utilizados na PAANDA possuem uma resolução mil vezes melhor
Segundo o professor, o Brasil, apesar de figurar entre as dez maiores economias mundiais, apresenta um déficit tecnológico impressionante. “Esses sensores não são fabricados no Brasil, não temos sequer tecnologia para isso”, reclama Tosin. Ele explica que os estudos do grupo focam em projetar e construir circuitos e desenvolver técnicas para ler e tratar os sinais oriundos destes acelerômetros.
“Estes circuitos precisam ter um desempenho melhor que os próprios acelerômetros se quisermos obter as informações de aceleração com a qualidade necessária para monitorar o ambiente de microgravidade do veículo. Além disso, os circuitos precisam sobreviver ao ambiente gerado pelo voo em um foguete de sondagem como o VSB-30 até chegarem ao espaço”, complementa ele.
Neste ambiente, as vibrações e variações de temperatura aos quais as experiências são submetidas são muito grandes. Todos estes fatores transformam o projeto em um grande desafio tecnológico.
Na justificativa do projeto encaminhado à AEB, o professor define que o objetivo principal da próxima missão será monitorar o ambiente de microgravidade, além de medir acelerações impostas à plataforma durante as etapas do voo – ignição, propulsão, separação, frenagem das rotações, entrada em microgravidade, acionamentos do controle de rotação, saída da microgravidade e reentrada na atmosfera.
O grupo tenta obter o perfil de acelerações do veículo de forma a avaliar o desempenho do instrumento. Os dados também são importantes para correlacionar os efeitos ou fenômenos observados pelas experiências científicas com as acelerações residuais do ambiente de microgravidade. Com isso, será possível validar as experiências realizadas, tendo certeza que estas foram expostas a um ambiente com acelerações pequenas o suficiente.
Outros resultados esperados são a formação de recursos humanos especializados já que o grupo reúne alunos de graduação e de pós-graduação. Os resultados deverão ainda ser publicados em revistas cientificas especializadas e apresentados em congressos científicos.
ALCÂNTARA – Na primeira missão, em 2007, Tosin acompanhou pessoalmente o lançamento da PAANDA, no Centro de Alcântara, juntamente com o professor Francisco Granziera Junior, do mesmo departamento, e do engenheiro Luis Guilherme Gimenez de Souza, aluno de pós-graduação no curso de Engenharia Elétrica da UEL. Tosin conta que o foguete chegou a voar durante 15 minutos, atingindo 7.200 km/h e, caindo, posteriormente, no mar maranhense, a cerca de 160 quilômetros da base de lançamento.
O experimento, bem como os demais sete projetos embarcados no veículo, foram totalmente perdidos. Os dados, no entanto, foram recuperados uma vez que as informações de aceleração puderam ser transmitidas em tempo real, por ondas de rádio. Ele explica que além do domínio tecnológico, científico e de engenharia, os pesquisadores precisam de uma boa noção de eletrônica, de componentes eletrônicos, além saber mensurar a capacidade de resistência de diversos materiais. “O equipamento tem que sobreviver ao lançamento e operar corretamente em um ambiente de muita vibração e variação térmica”, orienta Tosin.
O professor Francisco Granziera Junior explica que o voo de um foguete é marcado por turbulências, oscilação rápida de temperatura e alto risco. Por isso, antes do voo o projeto científico passa por testes e ensaios de qualificação que buscam garantir a resistência de todos os materiais e componentes utilizados nas piores condições de temperatura e vibração.
Segundo o professor, o protótipo passa, inicialmente, por um ensaio de vibração, em que é colocado dentro de um aparelho denominado “Shaker”, que simula as vibrações do veículo durante o voo. Numa segunda etapa, é submetido a testes térmicos, que buscam encontrar falhas nos circuitos sob variações drásticas de temperaturas. De acordo com o professor, durante o deslocamento na atmosfera o veículo esquenta rapidamente e a PAANDA ultrapassa os 65 graus.
Granziera Junior lembra ainda que o voo da Operação Cumã II foi acompanhado passo a passo pelos militares em Alcântara. Toda a operação foi rastreada, no sentido de tentar recapturar o veículo após a missão. O professor lembra que após cair no mar os militares chegaram a ir em busca do aparelho no litoral do Maranhão, em um helicóptero com pessoal especialmente treinado para o resgate. Infelizmente o veículo não foi encontrado. O projeto da UEL teve todo os dados recuperados, mas alguns experimentos acabaram sendo prejudicados.