Grupo de pesquisadores analisa qualidade da água em Londrina e região 08/06/2017 - 11:42
Desde o ano passado, um projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de Química da UEL tem feito análises da qualidade da água – tanto a consumida pela população quanto a depositada como resíduo industrial – na região metropolitana de Londrina. Entre os objetivos, estão a determinação de parâmetros físico-químicos e dos contaminantes relacionados à qualidade da água na região, o desenvolvimento de novos métodos de análise e a implantação de um laboratório padrão especializado nesse tipo de serviço.
“Há 20 anos, tivemos um projeto parecido que acabou não dando certo porque, na época, não existia a demanda que temos hoje. O que ocorre é que sempre recebemos pedidos de análise do Ministério Público e de pessoas que, por exemplo, moram em um sítio e querem verificar a qualidade da água que estão consumindo. Por conta da procura, chegamos à ideia de um projeto voltado para esse atendimento”, explica o professor e pesquisador João Carlos Alves, que coordena o projeto. Além dele, o trabalho tem outros cinco participantes, entre docentes e estudantes do curso de Química. “Esse tipo de projeto não só presta serviço à comunidade, mas também auxilia no desenvolvimento de outras atividades. A ideia é contribuir para a pesquisa, envolver estagiários da graduação e ainda gerar recursos financeiros para o departamento e para a UEL”, afirma o professor.
O projeto verifica a potabilidade da água a partir de análises físico-químicas – ou seja, são analisados parâmetros como o valor de pH, a concentração de metais, de nitrato e nitrito, entre outros. De acordo com João Carlos Alves, o trabalho desenvolvido no projeto difere de uma análise microbiológica, que investiga a presença de microorganismos (como bactérias) na água. “A nossa parte é verificar se a água que chega ao nosso laboratório está dentro dos 28 parâmetros físico-químicos que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) utiliza para reconhecer o líquido como potável”, explica. Um alto número de nitrato e nitrito, por exemplo, pode ser indicativo de poluição, já que ambos são resultados da decomposição de matéria orgânica na água. Além dos 28 parâmetros, o projeto também faz o atendimento de necessidades específicas, como a análise da quantidade de pesticidas ou de chumbo em uma amostra.
Qualquer pessoa interessada em verificar a qualidade da água em sua propriedade – esteja ela localizada em um sítio, uma chácara ou em uma região que utilize poços – pode buscar o atendimento do projeto. A responsabilidade de fazer a coleta, no entanto, é dela. “Já recebemos materiais de condomínios e prédios que utilizam poço artesiano e precisam anualmente fazer um controle da qualidade da água. Em todo caso, nós instruímos o interessado sobre a maneira adequada de fazer a coleta, usando sempre um frasco limpo que deve ser embalado e trazido o mais rápido possível para o laboratório. Se a água for tirada de uma torneira, o ideal é abri-la e esperar o líquido escoar por alguns segundos antes de coletá-lo. É necessário todo um cuidado básico, já que uma desatenção qualquer, como o uso de um recipiente mal higienizado, pode contaminar a amostra e influenciar no resultado da análise”, explica o coordenador do projeto.
Os preços e o prazo para entrega dos resultados variam conforme o pedido. “Uma dificuldade é que muitas pessoas vêm até nós achando que o serviço é gratuito e algumas até desistem ao saber que existem taxas. No entanto, é importante esclarecer que esses valores são usados para cobrir gastos com os reagentes e demais produtos que utilizamos no laboratório. Nada é feito visando ao lucro ou a benefícios pessoais”, acrescenta João Carlos.
O projeto de extensão também recebe material vindo de empresas que, na maioria das vezes, utilizam água em alguma etapa do seu processo de produção e, antes de descartá-la na Natureza, precisam comprovar que o líquido está dentro dos parâmetros oficiais de qualidade da água. Há ainda casos em que o laboratório recebe amostras ligadas a outros fins. “Já recebemos produto de uma indústria de carvão que utilizava a água para fazer um subproduto que pulverizava a plantação. Nessa situação, apareciam fungos no líquido e o problema estava na mina que os responsáveis utilizavam como fonte”, conta a professora e pesquisadora Neide Kamizake, que também participa do projeto.
Apesar dessas análises, os participantes do projeto dizem que a procura pelo serviço ainda não atingiu a expectativa. “O projeto ainda não atraiu a demanda, o movimento que esperávamos. Por isso, estamos planejando uma divulgação externa, já que a comunidade precisa desse tipo de serviço. Muitas empresas aqui na região utilizam uma mão de obra que não é especializada e necessitam de auxílio”, declara o professor João Carlos. Transformar o laboratório do Departamento em referência na área de análise da água é outro objetivo que ainda está para ser alcançado. Segundo a professora Neide Kamizake, no interior do Paraná, faltam locais credenciados. “A unidade do IAP (Instituto Ambiental do Paraná)) em Londrina é credenciada apenas em alguns parâmetros. Como a maioria fica em Curitiba, existe uma grande falta de laboratórios no interior do estado”, justifica.
Interessados em enviar amostras de água para análise podem contatar o Departamento de Química pelo telefone (43) 3371 – 4286.
Problemas de saúde
Segundo o professor João Carlos Alves, o consumo de água contaminada pode provocar graves problemas de saúde. Em concentrações altas de um metal como chumbo, o efeito é agudo, e o indivíduo sente um mal estar instantâneo. Já nos casos de concentração menor (mas ainda acima do permitido), ocorre o efeito crônico, e os problemas aparecem apenas a longo prazo. “O chumbo é um metal estranho ao organismo, que não tem um meio de eliminá-lo naturalmente. Assim, se a pessoa consumir água contaminada diariamente, em 10, 20 ou 30 anos pode apresentar problemas no fígado, como cirrose. O que acontece é que esse consumo inadequado se mistura a outras doenças do indivíduo e se torna muito difícil identificar se a água teve alguma influência”, diz.
O professor também chama a atenção para regiões que se localizam nas proximidades de cemitérios. “Em regiões com cemitérios, o chorume liberado pelos cadáveres pode chegar até poços rasos e contaminar a água. Nesse caso, a matéria orgânica resulta na produção de nitrato, que, em altos níveis no organismo, tem sido relacionado a ocorrências de câncer”.
Fonte: Assessoria de Comunicação da UEL
“Há 20 anos, tivemos um projeto parecido que acabou não dando certo porque, na época, não existia a demanda que temos hoje. O que ocorre é que sempre recebemos pedidos de análise do Ministério Público e de pessoas que, por exemplo, moram em um sítio e querem verificar a qualidade da água que estão consumindo. Por conta da procura, chegamos à ideia de um projeto voltado para esse atendimento”, explica o professor e pesquisador João Carlos Alves, que coordena o projeto. Além dele, o trabalho tem outros cinco participantes, entre docentes e estudantes do curso de Química. “Esse tipo de projeto não só presta serviço à comunidade, mas também auxilia no desenvolvimento de outras atividades. A ideia é contribuir para a pesquisa, envolver estagiários da graduação e ainda gerar recursos financeiros para o departamento e para a UEL”, afirma o professor.
O projeto verifica a potabilidade da água a partir de análises físico-químicas – ou seja, são analisados parâmetros como o valor de pH, a concentração de metais, de nitrato e nitrito, entre outros. De acordo com João Carlos Alves, o trabalho desenvolvido no projeto difere de uma análise microbiológica, que investiga a presença de microorganismos (como bactérias) na água. “A nossa parte é verificar se a água que chega ao nosso laboratório está dentro dos 28 parâmetros físico-químicos que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) utiliza para reconhecer o líquido como potável”, explica. Um alto número de nitrato e nitrito, por exemplo, pode ser indicativo de poluição, já que ambos são resultados da decomposição de matéria orgânica na água. Além dos 28 parâmetros, o projeto também faz o atendimento de necessidades específicas, como a análise da quantidade de pesticidas ou de chumbo em uma amostra.
Qualquer pessoa interessada em verificar a qualidade da água em sua propriedade – esteja ela localizada em um sítio, uma chácara ou em uma região que utilize poços – pode buscar o atendimento do projeto. A responsabilidade de fazer a coleta, no entanto, é dela. “Já recebemos materiais de condomínios e prédios que utilizam poço artesiano e precisam anualmente fazer um controle da qualidade da água. Em todo caso, nós instruímos o interessado sobre a maneira adequada de fazer a coleta, usando sempre um frasco limpo que deve ser embalado e trazido o mais rápido possível para o laboratório. Se a água for tirada de uma torneira, o ideal é abri-la e esperar o líquido escoar por alguns segundos antes de coletá-lo. É necessário todo um cuidado básico, já que uma desatenção qualquer, como o uso de um recipiente mal higienizado, pode contaminar a amostra e influenciar no resultado da análise”, explica o coordenador do projeto.
Os preços e o prazo para entrega dos resultados variam conforme o pedido. “Uma dificuldade é que muitas pessoas vêm até nós achando que o serviço é gratuito e algumas até desistem ao saber que existem taxas. No entanto, é importante esclarecer que esses valores são usados para cobrir gastos com os reagentes e demais produtos que utilizamos no laboratório. Nada é feito visando ao lucro ou a benefícios pessoais”, acrescenta João Carlos.
O projeto de extensão também recebe material vindo de empresas que, na maioria das vezes, utilizam água em alguma etapa do seu processo de produção e, antes de descartá-la na Natureza, precisam comprovar que o líquido está dentro dos parâmetros oficiais de qualidade da água. Há ainda casos em que o laboratório recebe amostras ligadas a outros fins. “Já recebemos produto de uma indústria de carvão que utilizava a água para fazer um subproduto que pulverizava a plantação. Nessa situação, apareciam fungos no líquido e o problema estava na mina que os responsáveis utilizavam como fonte”, conta a professora e pesquisadora Neide Kamizake, que também participa do projeto.
Apesar dessas análises, os participantes do projeto dizem que a procura pelo serviço ainda não atingiu a expectativa. “O projeto ainda não atraiu a demanda, o movimento que esperávamos. Por isso, estamos planejando uma divulgação externa, já que a comunidade precisa desse tipo de serviço. Muitas empresas aqui na região utilizam uma mão de obra que não é especializada e necessitam de auxílio”, declara o professor João Carlos. Transformar o laboratório do Departamento em referência na área de análise da água é outro objetivo que ainda está para ser alcançado. Segundo a professora Neide Kamizake, no interior do Paraná, faltam locais credenciados. “A unidade do IAP (Instituto Ambiental do Paraná)) em Londrina é credenciada apenas em alguns parâmetros. Como a maioria fica em Curitiba, existe uma grande falta de laboratórios no interior do estado”, justifica.
Interessados em enviar amostras de água para análise podem contatar o Departamento de Química pelo telefone (43) 3371 – 4286.
Problemas de saúde
Segundo o professor João Carlos Alves, o consumo de água contaminada pode provocar graves problemas de saúde. Em concentrações altas de um metal como chumbo, o efeito é agudo, e o indivíduo sente um mal estar instantâneo. Já nos casos de concentração menor (mas ainda acima do permitido), ocorre o efeito crônico, e os problemas aparecem apenas a longo prazo. “O chumbo é um metal estranho ao organismo, que não tem um meio de eliminá-lo naturalmente. Assim, se a pessoa consumir água contaminada diariamente, em 10, 20 ou 30 anos pode apresentar problemas no fígado, como cirrose. O que acontece é que esse consumo inadequado se mistura a outras doenças do indivíduo e se torna muito difícil identificar se a água teve alguma influência”, diz.
O professor também chama a atenção para regiões que se localizam nas proximidades de cemitérios. “Em regiões com cemitérios, o chorume liberado pelos cadáveres pode chegar até poços rasos e contaminar a água. Nesse caso, a matéria orgânica resulta na produção de nitrato, que, em altos níveis no organismo, tem sido relacionado a ocorrências de câncer”.
Fonte: Assessoria de Comunicação da UEL