Laboratório da UEM realiza detecção de níveis de metanol em bebidas 07/10/2025 - 18:00

Com a crescente de casos suspeitos de intoxicação por metanol, o serviço ofertado pelo laboratório do grupo de pesquisa APLE-A (Analítica Aplicada a Lipídios, Esteróis e Antioxidantes), ligado ao Departamento de Química, torna-se ainda mais evidente. O laboratório analisa amostras de bebidas alcóolicas e registra a concentração de cada componente em apenas 20 minutos.

De acordo com o professor responsável, Oscar de Oliveira Santos Júnior, já houve aumento da demanda, principalmente de consumidores que adquiriram estoque de bebidas para festas agendadas. “Nós atendemos a comunidade externa e emitimos relatórios técnicos. Muitas empresas que produzem bebidas artesanais também nos procuram para saber se o processo de produção está correto ou se precisa ser ajustado”, explicou.

Por enquanto, o laboratório da universidade não emite laudos - necessários para certificação junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) -, mas já existe um projeto de expansão para a montagem de um centro de excelência em análise de alimentos, segundo Santos Júnior. “Assim, vamos atender não só a vertente de bebidas, mas também a de alimentos, de origem animal e vegetação.” 

PERIGOS DO METANOL — Conforme explica o professor, praticamente todas as bebidas alcoólicas fermentadas e destiladas produzem metanol em algum nível, mas a quantidade varia conforme a matéria-prima e o processo. O metanol é formado principalmente pela degradação de pectinas (fibras solúveis) presentes em frutas e vegetais. Os níveis regulamentados são seguros e não causam intoxicação, mas em concentrações maiores pode ser altamente tóxico.

Por exemplo, em um volume de 100 ml de bebida destilada ingerida contendo 0,2 g (0,2%) de metanol não há risco; na mesma quantidade, 1 g (1%) provoca o início dos sintomas e 4 g (4%) já causam sintomas graves. Com a ingestão de grandes quantidades, o metanol é metabolizado no fígado e gera formaldeído, considerado um veneno sistêmico. Quando o volume é baixo, o etanol atua como antídoto natural, pois compete pelo processo de metabolização do fígado, fazendo com que o metanol seja eliminado do organismo sem toxicidade.

CASOS — Na tarde de segunda-feira (6), a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) confirmou dois casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas no Estado. As duas pessoas são de Curitiba e estão internadas. Outros quatro casos seguem em investigação, um deles de um homem de 27 anos, de Maringá, que consumiu bebida alcóolica no estado de São Paulo.

Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese). Em caso de sintomas, o paciente deve procurar um serviço de saúde imediatamente. Todos os casos suspeitos de intoxicação por metanol devem ser reportados a um dos quatro Centros de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná. Em Maringá, o CIATox está localizado no Hospital Regional Universitário de Maringá e atende pelo telefone (44) 3011-9127. 

ANÁLISE DE BEBIDAS —O equipamento utilizado no laboratório é o cromatógrafo a gás, que separa os compostos da bebida de acordo com o ponto de ebulição e indica os índices de cada um deles. Para a detecção da quantidade de metanol, por exemplo, 10 ml são suficientes, já para outros tipos de investigação o ideal são amostras de 500 ml. A pós-doutoranda em Química Patrícia Danieli Silva dos Santos é a responsável pelas análises de bebidas do laboratório.

O laboratório está localizado no bloco 17. O telefone para contato é o (44) 3011-4389. O espaço presta serviços para a comunidade externa e os valores podem ser consultados por telefone. 

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