Professora de Jornalismo da UEPG conquista 2º lugar no prêmio ‘O Jabuti’ 20/11/2015 - 11:10

O livro “Imagem Contestada – A Guerra do Contestado pela Escrita do Diário da Tarde (1912-1916), de Karina Janz Woitowicz, professora do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), conquistou o segundo lugar na categoria comunicação do “O Jabuti”, o mais tradicional prêmio do livro no Brasil. A obra publicada pela Editora UEPG chegou entre os finalistas do prêmio após passar pela avaliação da categoria nos itens relevância do tema e da linguagem, rigor científico: precisão conceitual e terminológica, correção e fluência de linguagem, clareza e objetividade do texto.

Em primeiro lugar ficou o livro ‘Gestão dos Jornais Brasileiros na Internet: Um Estudo Sobre os Fatores de Aceitação, Impactos e Oportunidades no Ambiente Digital”, de Renato Fonseca Alves de Andrade, publicado pela Editora: Editora SESI (SP). O prêmio de terceiro lugar foi para ‘Cartas a Lula – o Jornal Particular do Presidente e sua Influência no Governo do Brasil’, de autoria de Bernardo Kucinski, publicado pela Editora Edições de Janeiro.

A categoria comunicação inclui livros compostos por pesquisas, ensaios, textos profissionais, acadêmicos, científicos – ou obras de divulgação – que descrevam e/ou fundamentam e/ou discutam conceitos relativos a Relações Públicas, Rádio, Televisão jornalismo, Publicidade, Propaganda ou assuntos correlatos. O Prêmio Jabuti 2015 destaca a obra vencedora em primeiro lugar de cada categoria que, além do troféu Jabuti, receberá prêmio no valor bruto de R$ 3.500,00. Para os segundos e terceiros lugares de cada categoria, o Prêmio entrega troféus Jabuti.

Jornalismo e História

A “Imagem Contestada” de Karina Janz Woitowicz é resultado da pesquisa que para a construção da dissertação de mestrado defendida, em 2002, no Programa de Pós-Graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos – RS). Na introdução da obra, a autora explica que se trata de texto centrado no estudo dos discursos midiáticos que produziram o Contestado articulando vozes, opiniões e acontecimentos no principal jornal paranaense das primeiras décadas do século XX.

No diálogo entre o jornalismo e a história, Karina traz as marcas da construção da Guerra do Contestado (1812-1916) a partir de discursos recuperados do jornal paranaense Diário da Tarde, de modo a apreender como se constituem os sentidos pelos processos midiáticos. A visão da obra para o leitor coloca que o estudo mostra que a história desse movimento armado pela posse da terra, que envolveu os estados do Paraná e de Santa Catarina, “não apenas contou, mas foi, efetivamente, escrita pela voz do Diário da Tarde que, no tematizar o conflito, operou na construção de imagens da realidade, seja fazendo ecoar, seja silenciando fatos e versões”.

Imprensa e Contestado

O professor José Luiz Braga orientou a dissertação de mestrado e destaca na apreciação do livro que não se trata de uma simples narrativa histórica na qual tenta-se recuperar uma verdade dos acontecimentos usando jornais como fonte. Posiciona que, embora as ações políticas, os combates e as relações de poder sejam constantemente referidas, não ocupam o centro da cena. Diz que o texto, efetivamente usa a observação da imprensa para refletir sobre a história do Contestado. Mas ressalta que, ao fazer isso, “estuda os processos da imprensa que, ao relatar e produzir, diretamente no contexto social, os lances históricos em sua ocorrência, evidencia também uma história que é resultado da comunicação social, posta a circular sobre seus eventos”.

José Luiz relata que a obra mostra, assim, que os setores que têm poder de expressar e conduzir essa circulação direcionam os acontecimentos. No reencontro com o texto como leitor, escreve que o livro não informa apenas sobre as ocorrências do Contestado ou sobre as vozes das posições dominantes, mas ainda e, sobretudo, sobre o jornalismo e suas formas à época, mostrando o jornal como produtor do acontecimento ao lhe atribuir sentido”. Na leitura do livro de Karina, o professor acentua que a autora, “trazendo um período e objetos sobre os quais talvez esquecêssemos de atentar, com a devida acuidade, torna a produzir, em outra tonalidade, os acontecimentos, oferecendo os sentidos que permitem apreendê-los”.