UEL mantém banco de sementes de orquídeas 03/12/2012 - 15:10
Várias espécies de orquídeas da flora brasileira estão ameaçadas de extinção. A quantidade de plantas chama atenção. São 34 espécies que correm o risco de desaparecer da natureza. De olho nesta ameaça, a UEL mantém no Centro de Ciências Agrárias (CCA) um Banco de Sementes de Orquídeas Brasileiras, mantidas através da técnica de “criopreservação”; isto é, depois de tratadas com crioprotetores, as sementes são mantidas em nitrogênio líquido a 196 graus negativos dentro de um tanque especial.
A pesquisa conserva o material biológico para preservação das espécies. Com a técnica da criopreservação as sementes serão conservadas por 80, 100 anos ou mais. “O metabolismo da semente diminui (na criopreservação), e elas são conservadas por um longo período em um pequeno espaço”, diz o coordenador do projeto, professor Ricardo Tadeu de Faria, do Departamento de Agronomia. O assunto foi tema de seu pós-doutorado realizado em 2009, nos Estados Unidos.
As sementes da orquídea são extremamente pequenas, centenas de vezes menores que uma cabeça de alfinete. O principal problema da técnica é que cristais de gelo se formam na semente durante o processo de congelamento e podem romper a membrana das células vegetais. “Para tornar a técnica viável, as sementes são tratadas com crioprotetores que vão proteger a semente”, salienta Faria. O crioprotetor também garante a alta porcentagem de sobrevivência do material após o descongelamento.
Outro cuidado essencial é manter o nível adequado do nitrogênio líquido do tanque, com temperaturas abaixo de zero grau. Já em condições tradicionais de armazenamento, com temperaturas que não passam de 18 graus, as sementes são preservadas apenas por dois anos no máximo, especialmente em regiões quentes e úmidas. “A semente de orquídea é muito pequena e não tem tecido de reserva. Portanto, a conservação por longos períodos, sem o congelamento, não é possível como em outras culturas”, explica o professor. Além de sementes, a técnica também permite a conservação de pólen protocormos e meristemas.
MEDICINAL - Além de espécies ameaçadas de extinção, a iniciativa visa preservar orquídeas nativas do Paraná. Agora, a meta é abranger também espécies de outros Estados. Eles pretendem “a formação de um banco de germoplasmas de orquídeas brasileiras”, conforme explica o professor. Segundo ele, além do potencial ornamental das orquídeas, estudos recentes mostram que as espécies podem possuir princípios medicinais importantes.
Um dos estudos do grupo da UEL avalia substâncias encontradas em orquídeas nativas que podem ser úteis no tratamento de câncer. Este trabalho está sendo realizado em parceria com o professor Mateus Pomini, do Departamento de Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
“O homem tem a capacidade de fazer cruzamentos e criar diferentes híbridos, mas não pode criar espécies. Portanto, quando uma espécie é extinta do planeta não será possível recuperá-la”, acrescenta o professor. Ele salienta que a preocupação é diminuir a lista de espécies em condições de extinção. “Muitas espécies de orquídeas que eram facilmente encontradas no Paraná, hoje estão praticamente extintas”, informa. Segundo Ricardo Faria, as micro-orquídeas, entre elas Sophronitis e Pleurotallis, são as mais ameaçadas. “Muitas espécies deste gênero nunca foram pesquisadas, pois são menos atrativas do que orquídeas mais conhecidas que possuem um apelo comercial maior”, acrescenta.
A capacidade de armazenamento do equipamento de criopreservação, o tanque criogênico, é de cerca de mil sementes em cada pequeno tubo chamado de criovél, explica a estudante Edilene Preti, doutoranda do programa de pós-graduação em Agronomia da UEL e integrante da pesquisa. Cada caixa ou compartimento do equipamento mantém 25 tubos, sendo que o tanque possui seis prateleiras. Elas armazenam em média seis caixas cada uma.
PARCERIA - Só o orquidário da UEL é formado por mais de 200 espécies de orquídeas, um verdadeiro acervo vivo de plantas. A coleção completou recentemente 15 anos. É uma grande corrida contra o tempo para salvar as espécies ameaçadas, já que a preocupação é a conservação da orquídea no habitat natural.
O projeto Banco de Sementes de Orquídeas Brasileiras é desenvolvido com apoio da Fundação Araucária, que liberou recursos no valor de R$ 60 mil para a compra de equipamentos, e com a Universidade da Flórida (EUA).
“O Banco de Sementes de Orquídeas do Brasil é uma iniciativa pioneira”, ressalta o professor Ricardo Faria. Além de ser referência na área, a expectativa é fazer parte de um banco mundial de sementes de orquídeas. O grupo da UEL já fez contato com pesquisadores da Inglaterra para concretizar a parceria.
Como informa a Sociedade Orquidófila Cantareira (SOCAN), uma equipe do Kew Gardens de Londres coordena o Projeto Reservatórios de Sementes de Orquídeas para Uso Sustentável, a sigla em inglês é OSSSU. O orçamento previsto é de R$ 5,3 milhões. A meta é proteger aproximadamente duas mil espécies de orquídeas até 2015.
Paraná tem 650 espécies
O Paraná é rico em diferentes espécies de orquídeas. Das três mil espécies existentes no Brasil, cerca de 650 são do Estado. Segundo a estudante que participa do estudo, Roberta Barros, do 5º ano do curso de Ciências Biológicas, o Paraná possui o clima ideal para a multiplicação de várias espécies de orquídeas.
“A diversidade biológica das matas favorece a preservação e manutenção das plantas”, salienta Roberta. O território brasileiro possui 10% das orquídeas do mundo, a maioria em áreas tropicais. No mundo são quase 30 mil espécies de orquídeas. Elas são encontradas na natureza e produzidas em laboratório.
Embora o mercado brasileiro de flores esteja em expansão, a participação do país no mercado mundial de orquídeas ainda é considerado pequeno, apenas 0,5%. Cerca de 85% do mercado brasileiro é atendido pela produção interna.
A pesquisa conserva o material biológico para preservação das espécies. Com a técnica da criopreservação as sementes serão conservadas por 80, 100 anos ou mais. “O metabolismo da semente diminui (na criopreservação), e elas são conservadas por um longo período em um pequeno espaço”, diz o coordenador do projeto, professor Ricardo Tadeu de Faria, do Departamento de Agronomia. O assunto foi tema de seu pós-doutorado realizado em 2009, nos Estados Unidos.
As sementes da orquídea são extremamente pequenas, centenas de vezes menores que uma cabeça de alfinete. O principal problema da técnica é que cristais de gelo se formam na semente durante o processo de congelamento e podem romper a membrana das células vegetais. “Para tornar a técnica viável, as sementes são tratadas com crioprotetores que vão proteger a semente”, salienta Faria. O crioprotetor também garante a alta porcentagem de sobrevivência do material após o descongelamento.
Outro cuidado essencial é manter o nível adequado do nitrogênio líquido do tanque, com temperaturas abaixo de zero grau. Já em condições tradicionais de armazenamento, com temperaturas que não passam de 18 graus, as sementes são preservadas apenas por dois anos no máximo, especialmente em regiões quentes e úmidas. “A semente de orquídea é muito pequena e não tem tecido de reserva. Portanto, a conservação por longos períodos, sem o congelamento, não é possível como em outras culturas”, explica o professor. Além de sementes, a técnica também permite a conservação de pólen protocormos e meristemas.
MEDICINAL - Além de espécies ameaçadas de extinção, a iniciativa visa preservar orquídeas nativas do Paraná. Agora, a meta é abranger também espécies de outros Estados. Eles pretendem “a formação de um banco de germoplasmas de orquídeas brasileiras”, conforme explica o professor. Segundo ele, além do potencial ornamental das orquídeas, estudos recentes mostram que as espécies podem possuir princípios medicinais importantes.
Um dos estudos do grupo da UEL avalia substâncias encontradas em orquídeas nativas que podem ser úteis no tratamento de câncer. Este trabalho está sendo realizado em parceria com o professor Mateus Pomini, do Departamento de Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
“O homem tem a capacidade de fazer cruzamentos e criar diferentes híbridos, mas não pode criar espécies. Portanto, quando uma espécie é extinta do planeta não será possível recuperá-la”, acrescenta o professor. Ele salienta que a preocupação é diminuir a lista de espécies em condições de extinção. “Muitas espécies de orquídeas que eram facilmente encontradas no Paraná, hoje estão praticamente extintas”, informa. Segundo Ricardo Faria, as micro-orquídeas, entre elas Sophronitis e Pleurotallis, são as mais ameaçadas. “Muitas espécies deste gênero nunca foram pesquisadas, pois são menos atrativas do que orquídeas mais conhecidas que possuem um apelo comercial maior”, acrescenta.
A capacidade de armazenamento do equipamento de criopreservação, o tanque criogênico, é de cerca de mil sementes em cada pequeno tubo chamado de criovél, explica a estudante Edilene Preti, doutoranda do programa de pós-graduação em Agronomia da UEL e integrante da pesquisa. Cada caixa ou compartimento do equipamento mantém 25 tubos, sendo que o tanque possui seis prateleiras. Elas armazenam em média seis caixas cada uma.
PARCERIA - Só o orquidário da UEL é formado por mais de 200 espécies de orquídeas, um verdadeiro acervo vivo de plantas. A coleção completou recentemente 15 anos. É uma grande corrida contra o tempo para salvar as espécies ameaçadas, já que a preocupação é a conservação da orquídea no habitat natural.
O projeto Banco de Sementes de Orquídeas Brasileiras é desenvolvido com apoio da Fundação Araucária, que liberou recursos no valor de R$ 60 mil para a compra de equipamentos, e com a Universidade da Flórida (EUA).
“O Banco de Sementes de Orquídeas do Brasil é uma iniciativa pioneira”, ressalta o professor Ricardo Faria. Além de ser referência na área, a expectativa é fazer parte de um banco mundial de sementes de orquídeas. O grupo da UEL já fez contato com pesquisadores da Inglaterra para concretizar a parceria.
Como informa a Sociedade Orquidófila Cantareira (SOCAN), uma equipe do Kew Gardens de Londres coordena o Projeto Reservatórios de Sementes de Orquídeas para Uso Sustentável, a sigla em inglês é OSSSU. O orçamento previsto é de R$ 5,3 milhões. A meta é proteger aproximadamente duas mil espécies de orquídeas até 2015.
Paraná tem 650 espécies
O Paraná é rico em diferentes espécies de orquídeas. Das três mil espécies existentes no Brasil, cerca de 650 são do Estado. Segundo a estudante que participa do estudo, Roberta Barros, do 5º ano do curso de Ciências Biológicas, o Paraná possui o clima ideal para a multiplicação de várias espécies de orquídeas.
“A diversidade biológica das matas favorece a preservação e manutenção das plantas”, salienta Roberta. O território brasileiro possui 10% das orquídeas do mundo, a maioria em áreas tropicais. No mundo são quase 30 mil espécies de orquídeas. Elas são encontradas na natureza e produzidas em laboratório.
Embora o mercado brasileiro de flores esteja em expansão, a participação do país no mercado mundial de orquídeas ainda é considerado pequeno, apenas 0,5%. Cerca de 85% do mercado brasileiro é atendido pela produção interna.