UEL receberá R$ 4,9 milhões para investimentos no Campus 27/07/2017 - 07:30
O relógio medidor de consumo de energia elétrica da UEL não para: lâmpadas, condicionadores de ambiente, computadores, destiladores de água e equipamentos de laboratórios são ligados todos os dias no Campus Universitário. Tudo isso resulta no consumo médio mensal de 660.000 kWh – o que equivale ao consumo de uma cidade de 13.200 habitantes, se considerarmos 3.300 residências que consumam em média 200 kWh/mês que abriguem famílias de 4 pessoas.
Em meio à preocupação com o consumo de energia elétrica, a UEL recebeu uma boa notícia no início deste mês que favorecerá a economia de energia e a produção por fontes de energias renováveis. A Universidade foi aprovada na Chamada Pública VPDE 001/2017 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e terá R$ 4,9 milhões para aplicar em um projeto de Eficiência Energética Prioritário e de Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico (P&D).
O edital, exclusivo para Instituições Públicas de Ensino Superior do país, contemplou outras quatro instituições do Paraná, que receberão investimento da Copel Distribuição S.A.. Outras 17 universidades receberão recursos financeiros de outras concessionárias de energia brasileiras. Todas receberão recursos para investir em energias renováveis e medidas que favoreçam a eficiência energética e diminuam o consumo nas universidades.
O Projeto de Eficiência Energética da UEL prevê R$3 milhões para ser aplicado em cinco ações: substituição de lâmpadas, condicionadores de ambiente e destiladores de água, com ênfase na economia de energia; e ainda a instalação de usinas fotovoltaicas e produção de biogás por meio de biodigestores, para produção de energia renovável pela própria Universidade. O projeto terá 12 meses para execução a partir da data de publicação de documento pela Copel.
Já o Projeto de P&D tem 36 meses para ser realizado e será concomitante ao de eficiência enérgica, com foco nos resíduos produzidos pelo biodigestor na Fazenda Escola, do Centro de Ciências Agrárias (CCA). Serão investidos R$1,9 milhões para compra de material de consumo, equipamentos e estruturas, além de bolsas de estudos para estudantes de graduação e pós-graduação.
Segundo Dari de Oliveira Toginho Filho, prefeito do Campus Universitário, os projetos contribuirão diretamente para a redução do consumo e produção de energia renovável no próprio Campus. “A potência contratada de entrada de energia elétrica na UEL é de 2.300 kW, sendo fornecido constantemente pela Copel. Os sistemas de produção de energia a serem instalados poderão produzir a pleno sol, a quantidade de 250 kW, ou seja, pouco mais de 10% da demanda. Vamos trabalhar com a produção durante o dia, conforme se tem o sol, e com substituição de lâmpadas e utilização de equipamentos mais eficientes. A estimativa do cálculo é que entre aumento de produção e redução de consumo, seja alcançada economia de 15% na conta de energia elétrica. Podemos melhorar esse número submetendo novos projetos para instalação de novas usinas fotovoltaicas e substituição de mais equipamentos”, explica o prefeito.
Os dois projetos foram elaboradores por uma comissão formada por servidores da Prefeitura do Campus e professores do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), que definiram todas as etapas das ações, orçaram todos os gastos com equipamentos e definiram o valor do investimento. Toginho conta que, dos projetos apresentados à ANEEL, o da UEL é um dos mais discretos em termos de recursos e o mais abrangente em quantidade de ações. “Nos outros não havia mais que duas ações. O nosso, além P&D estar ligado com a eficiência energética, tem a proposta de trabalhar com várias ações. Isso foi destacado no relatório de avaliação da ANEEL recebido pela Copel. Também foi destacada a proposta de produção de biogás para energia elétrica a partir de resíduos, o que poderia ser reproduzido e replicado em outras unidades”, explicou o prefeito.
Eficiência - O uso de energia elétrica na UEL, segundo Dari Toginho, considerando estimativa a partir da área das edificações e da quantidade de equipamentos cadastrados no sistema de patrimônio dá-se da seguinte forma: 49% com condicionados de ar, 20% com microcomputadores, 22% em iluminação e 9% com outros equipamentos. “Temos que fazer gradativamente o melhor uso da energia. O projeto vai permitir que tenhamos um ponto inicial, ou seja, uma quantidade inicial de investimento para que se reduza as despesas com energia elétrica”, afirma.
Com isso, as ações do Projeto de Eficiência vêm diretamente para economia de energia e serão realizadas nos cinco pontos citados anteriormente. O primeiro deles é a substituição de nove mil e seiscentas lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED, nos Centro de Estudos que com aulas no período noturno, como os de Estudos Sociais Aplicados (CESA), de Educação, Comunicação e Artes (CECA) e de Letras e Ciências Humanas (CLCH). A substituição representa 40% das lâmpadas no Campus. Outra medida é troca de 40 condicionadores de ambiente com mais de 10 anos de uso nas unidades administrativa da UEL, por outros mais modernos e eficientes. De acordo com Dari, a UEL possui cadastrados mais de 1600 aparelhos condicionadores de ambiente em todo o Campus Universitário.
Também será realizada a substituição de destiladores de água por sistemas de filtro por osmose reversa. De acordo com o prefeito do Campus, um filtro com osmose reversa consome entre 100 e 150 watts para produzir água destilada a uma taxa de 10 litros por hora. O projeto prevê a troca de 40 destiladores nos Centros de Ciências Agrárias (CCA), Biológicas (CCB) e Exatas (CCE).
Já a produção de energia renovável será realizada de duas formas. A primeira é a instalação de 5 Centrais de energia fotovoltaica, com área de captação de 300 metros quadrados e capacidade de produção de até 50 mil watts de potência cada uma. As Centrais de energia serão instaladas em alguns estacionamentos com visibilidade para a face norte, em local de fácil acesso para manutenção e que permita também que estudantes possam fazer pesquisa.
O segundo ponto é a aquisição e instalação de um Grupo Gerador alimentado a biogás com capacidade nominal de 120.000 watts para a produção intermitente de energia elétrica. Dari Toginho explica que o biodigestor acumula o gás proveniente de resíduos sólidos e, quando tiver suficiente, aciona o motor para produzir energia elétrica. A instalação e uso do biodigestor será objeto de pesquisa do Projeto de P&D.
Essa energia produzida pelas duas fontes poderá ser utilizada pela UEL sem necessidade de armazenamento. “A universidade tem uma estrutura de rede de alta tensão que vai desde a Fazenda Escola até o Hospital de Clínicas [Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário]. A energia produzida entra direto na rede interna de distribuição. É um complemento ao que a Copel fornece, quando a energia é injetada na rede, o que é fornecido pelo sistema Copel diminui. Não há necessidade de armazenamento e de nenhuma outra intervenção especifica porque vai direto na rede de alta tensão”, explica Dari Toginho.
Projeto - Coordenado pelos professores Fernando Fernandes e Emilia Kuroda, ambos do Departamento de Construção Civil, o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento terá duas ações que resultarão em biogás para produção de energia elétrica: uma para utilizar resíduos sólidos provenientes de alimentos, e outra, de blocos de madeira.
O professor afirma que para a produção do biogás será utilizado um biodigestor que está na Fazenda Escola desde 2012, e juntamente a ele será acoplado um novo. “Esse projeto vai reabilitar uma estrutura que estava parada e nós vamos integrar isso para que ele também volte a gerar energia. Esse reator que está lá é de dejetos de suínos da Fazenda Escola, que é um excelente para gerar o biogás”, afirma Fernando.
Os biodigestores deverão ser alimentados com sobras de alimentos do Restaurante Universitário, resíduos das podas efetuadas no Campus pela Divisão de Jardinagem da PCU e com dejetos dos animais da Fazenda Escola. Para Dari Toginho este é um dos destaques da pesquisa. “O grande diferencial dessa pesquisa é que ela utiliza os resíduos que existem e a possibilidade reprodução em outras instituições e até em cidades pequenas. É uma grande contribuição que pode ser dada”, afirma.
Na pesquisa será realizada também a gaseificação, com utilização de resíduos mais sólidos, como a madeira, em um gaseificador. “Vamos utilizar blocos de madeiras de determinado tamanho e, a partir, dele produzir gás para alimentar um grupo gerador de energia elétrica. Esse resíduo também pode ser utilizado depois para outras demandas”, explica o professor.
Outra preocupação da pesquisa é com o resíduo que sairá do biodigestor. Como explica a professora Emilia Kuroda será realizada a compostagem, para que o resíduo seja um adubo orgânico de boa qualidade, e será estudado o efluente líquido gerado no processo de biodigestão para adubação.
Comissão e GTs atuam no projeto
A comissão que elaborou o projeto está envolvida com toda a elaboração e aplicação do projeto. Participam desta comissão o prefeito do Campus, Dari de Oliveira Toginho Filho, os docentes Fernando Fernandes e Emília Kuroda, o estudante do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil Mauro Andrade, e os servidores da PCU: Marcelo Rodrigues de Oliveira, Maria José Sartor e Carlos Alberto Cury Harfuch.
Como exigência do edital da ANEEL, foram criados dois Grupos de Trabalho para elaboração de ações em eficiência energética. Dari Toginho explica que os GTs vão realizar atividades e ações educativas para a eficiência energética. Um deles é o GT para o Consumo Racional de Água e Energia, que realizará estudos de melhoria e elaboração de campanhas para melhor uso de energia em todo o Campus. O grupo é composto pelo docente do Departamento de Engenharia Elétrica, Osni Vicente, da professora Paula Napo, do Departamento de Design, além do próprio Prefeito, de Marcelo Rodrigues e Maria José Sartor.
O outro GT é de Etiquetagem dos Edifícios e tem como objetivo avaliar e classificar sob a ótica da eficiência energética e propor melhoria aos edifícios. Como é ligado ao CTU, a atividade também envolverá os estudantes. A equipe é formada por Dari Toginho e Carlos Alberto Cury Harfuch, pela docente do Departamento de Engenharia Civil Talita Gorban, e pelo engenheiro civil da PCU Rafael Fujita.