EMPREENDEDORES DE AMANHÃ 01/12/2008 - 11:40

Aproximadamente 49% dos municípios paranaenses serão atendidos pelo Programa de Extensão Tecnológica Empresarial, lançado quinta, 27, no Centro de Convenções de Curitiba. Coordenado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e executado em parceria com 25 instituições, entre prefeituras, universidades, institutos de pesquisa e entidades de classe de pequenos produtores, esse programa terá R$ 12 milhões do Fundo Paraná para executar, num prazo de 15 meses, em média, 122 projetos voltados à melhoria e à criação de micro e pequenos empreendimentos. Para isto, estarão trabalhando 850 pessoas, entre professores, estudantes e recém formados, principalmente.
Nesse período, tecnologias inovadoras e outras de domínio público, mas ainda inacessíveis à maioria das comunidades mais pobres do Estado, estarão sendo apresentadas a centenas de pessoas, capacitando-as para o empreendedorismo. Na opinião da professora de Economia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maria Nezilda Culti, que coordena projeto voltado para a gestão da produção familiar de maracujá orgânico e de leite, nos municípios de Poema, Peabiru e Quinta do Sol (Centro e Noroste do Estado), um dos méritos do Programa de Extensão Tecnológica Empresarial é levar o conhecimento gerado nas universidades às comunidades de forma integrada e abrangente. “Hoje, não é possível falar em autogestão sem informática”, exemplifica a professora. Ela informa que estão previstos, como parte do projeto, a instalação de dois centros para comercialização da produção de maracujá e de leite.
A Associação dos Produtores Orgânicos da Região de Londrina (Apol) será outra instituição beneficiada pela Extensão Tecnológica Empresarial.  O representante da entidade, Valdemir José Batista, explicou que a consultoria viabilizada por uma equipe de professor, estudantes e recém-formados da Universidade Estadual de Londrina (UEL) será fundamental para a produção de biscoitos de soja orgânica. “Estamos pleiteando uma parceria com a Embrapa para a produção dos biscoitos, que ainda não existem no mercado. A intenção é usar a tecnologia da Embrapa e oferecer esse produto feito com matéria prima orgânica na merenda escolar”, afirmou Batista.
Na Região Oeste do Estado, um dos projetos do Programa de Extensão Tecnológica  Empresarial – Sistemas de Gestão para Cooperativas – será coordenado pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec). Segundo Márcio Rogério da Silva, gerente da incubadora da fundação, cerca de 500 pessoas serão treinadas com modernas técnicas de gestão da produção do leite. “Vamos ensinar como funcionam as novas normas para o setor, entre as quais a 51, do governo federal, que prevê a melhoria de toda a cadeia de produção do leite”, explicou.  Na região Norte, a Associação dos Amigos da Agricultura Ecológica, informa o engenheiro agrônomo Gumercindo Fernandes, produtores de alimentos receberão treinamento quanto à classificação, padronização e rotulagem. “Dentro de dois anos, aproximadamente, serão entre cinco e seis toneladas de produtos com qualidade assegurada, entregues diretamente aos consumidores, sem passar por supermercados”, disse. “A preços de hoje, seria o equivalente a US$ 300 mil dólares”.
Outros exemplos de projetos do Programa de Extensão Tecnológica Empresarial estão em Bandeirantes, Norte do Estado. Uma comunidade de 18 produtores de tomate receberão treinamento da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR) e assistência da Emater-PR para produzir tomate seco para a indústria regional, como fator de regulação de preço. “Dependendo da época, o preço do tomate cai bastante; aí, o tomate seco pode ser uma alternativa de renda para a comunidade”, afirma o presidente da Associação de Agricultores do Sistema Integrado Sustentável, Roberto de Morais. Neste caso, também participa como entidade proponente do programa a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP, campus de Bandeirantes). “Estamos entusiasmados porque a comunidade vai poder trabalhar na sua própria terra”, acrescenta.
Também nesse município, a Associação de Agricultores da Barrinha do Cateto, em parceria com a UFTPR e UENP, vão orientar apicultores para que estes tenham uma renda extra. “Estou ansioso para ver esse projeto andar, ele não exige 24 horas, pode ser uma boa alternativa para a nossa comunidade”, disse José Carlos de Oliveira. A produção da uva de mesa nessa região também passará por uma nova fase com o treinamento junto à Associação de Desenvolvimento Comunitário Três Águas e UFTPR/UENP. “Vamos informatizar o nosso sistema de compras”, adiantou Antonio Carlos de Almeida, presidente da entidade. “Vai dar certo”, aposta.
No Litoral do Estado, dois projetos do Programa de Extensão Tecnológica Empresarial já estão mexendo com a vida dos moradores, particularmente da Ilha do Mel. É que eles terão, sob supervisão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (FAFIPAR), treinamento para produzir vestuário e acessórios a partir do couro do peixe. “Com isso, os moradores terão uma atividade e renda extras fora da temporada de verão”, explicou o presidente da Associação de Moradores da Ilha do Mel, João Lino. Segundo ele, enquanto o quilo do peixe custa hoje entre R$ 3,00 e R$ 4,00, o quilo do couro do peixe alcança até R$ 700,00 por quilo. “O mercado é garantido”, disse. Para a artesão Érica Prisco, o couro do peixe é muito maleável para trabalhar em comparação ao couro do boi. “Quero aprender novas técnicas, mas também ensinar as mulheres de pescadores para que elas possam trabalhar também no inverno”.