Estado incentiva pesquisadores a contribuírem com a ciência mesmo após aposentadoria 13/11/2023 - 17:10

Após uma vida toda de qualificação e dedicada à ciência chega a hora da aposentadoria, o que não significa que estes cientistas não são mais produtivos. Ao contrário, é o momento em que estão no auge de suas carreiras científicas e que ainda têm muito a contribuir com a sociedade e para o avanço da ciência.

Há cinquenta anos, o cientista e doutor em Bioquímica Rubens Cecchini trabalha em benefício da sociedade e contribui para a formação de novos cientistas. Aos 70 anos, ele é bolsista sênior de um programa criado pelo Governo do Estado, por meio da Agência Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), que visa manter pesquisadores aposentados no sistema de ciência, tecnologia e inovação.

“A bolsa sênior representa um incentivo ao pesquisador experiente a participar de um grupo de cientistas mais jovens, como também mestrandos e doutorandos, oferecendo sua contribuição no desenvolvimento de projetos de pesquisa e formação de novos cientistas”, explica o cientista sênior.

Atualmente, Cecchini trabalha no projeto “Padronização e caracterização molecular de esferoides formulados a partir de cultura primária de carcinoma papilífero de tireoide: screening terapêutico in vitro e em tecido fresco”. O estudo tem como objetivo fazer a cultura primária de células tumorais de pacientes de câncer de tireoide no sentido de individualizar as terapias.

“Queremos saber qual quimioterápico consegue combater melhor determinado tipo de câncer de uma pessoa específica. Possibilitando tratamentos individualizados e direcionados, com o uso do medicamento mais adequado. Melhorando assim o prognóstico e a qualidade de vida pós-tratamento. Especialmente em casos mais agressivos da doença”, diz o pesquisador.

Foram investidos R$ 5.850.000,00 no Programa Bolsa Sênior envolvendo projetos de seis universidades estaduais, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

“É uma forma efetiva de valorizarmos estes pesquisadores aposentados que ainda têm tanto a contribuir com a sociedade. Queremos apoiar a permanência destes profissionais altamente qualificados para que continuem atuando no desenvolvimento da produção científica, tecnológica de inovação do Paraná”, destaca o presidente da Agência Araucária, Ramiro Wahrhaftig.

O programa é destinado aos pesquisadores aposentados de instituições de ciência e tecnologia que tenham se destacado como líderes na área de atuação, valorizando sua produção científica, tecnológica ou de inovação.

Parar após a aposentadoria também não foi uma opção para a pesquisadora e doutora em Psicologia Maria Rita Zoéga Soares. “Mesmo aposentada continuei trabalhando com a pós-graduação. A universidade foi uma parte importante da minha vida e considero que hoje eu tenho uma maturidade profissional de conhecimento que posso continuar ajudando no meu programa de pós-graduação em análise do comportamento”, afirma.

Atuando há cerca de 28 anos na produção científica, a psicóloga segue ativamente do desenvolvimento de várias ações junto à universidade e à sociedade. “O programa Bolsa Sênior vem como um reconhecimento e como um auxílio para dar continuidade a este trabalho de pesquisa”, ressalta Maria Rita.

Ela desenvolve a pesquisa “Elaboração de Estratégia de Intervenção Psicológica para os Transtornos de Ansiedade”, que trabalha em projetos na área de psicologia clínica e da saúde, buscando a qualidade de vida da população. “Tenho buscado a compreensão de transtornos. Trabalhamos com bipolar, ansiedade e depressão procurando desenvolver um repertório para lidar com estas situações. Na área da saúde trabalhamos desde crianças a adultos, com pacientes de hemodiálise e pacientes com câncer”, relata a psicóloga.

Rita destaca que o estudo envolve também os cuidadores destes pacientes. “As pessoas que acompanham os familiares doentes crônicos têm uma rotina bem desgastante e eles também podem adoecer. Podem desenvolver também um quadro de estresse, pois abrem mão de questões cruciais da própria vida”.

“Procuramos lidar com estas situações e com o desenvolvimento de resiliência para conseguirem ter comportamento de enfrentamento para lidar o melhor possível, sejam os pacientes, cuidadores ou profissionais que vivem em um contexto de saúde muitas vezes pesados”, enfatiza Maria Rita.

Os dois pesquisadores são vinculados à Universidade Estadual de Londrina (UEL), a primeira a iniciar os projetos apoiados dentro do programa Bolsa Sênior. Os projetos aprovados no programa têm vigência de 48 meses e os pesquisadores recebem uma bolsa mensal de R$ 1.875,00.

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