Paraná amplia número de grupos de pesquisa 14/12/2012 - 11:30

O Paraná está entre os estados que mais vêm aumentando o número de grupos de pesquisa, concentrados principalmente nas universidades estaduais. Um panorama completo dos grupos de pesquisa e pesquisadores em atividade no Estado pode ser encontrado no terceiro número do Boletim Indicadores C,T&I, que acaba de ser lançado. A publicação é coordenada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Além de fazer um comparativo nacional, o levantamento traça o perfil dos grupos de pesquisa paranaenses por instituição e áreas do conhecimento, situando-os por municípios e mesorregiões do IBGE, em 2000 e 2010.

“Com esta edição temos a possibilidade de identificar com rapidez e precisão quem são os pesquisadores, no que estão trabalhando e o que produziram recentemente”, disse o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal.

A publicação traça também o perfil dos grupos de pesquisa que mantêm relacionamentos com empresas, por instituição, áreas do conhecimento e por municípios e mesorregiões do IBGE, em 2002 e 2010, identificando os ramos de atividade em que a cooperação ICT-Empresas é mais significativa.

Para o estudo foi usado como base de informações o diretório dos grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Os censos bianuais do diretório trazem informações quantitativas sobre os grupos em suas diversas dimensões e fazem um balanço da capacidade instalada de pesquisa no país.

De acordo com o trabalho, as regiões Sudeste e Sul detêm o maior número de grupos e de pesquisadores e também concentram a maior e mais qualificada capacidade de pesquisa instalada no país, conforme demonstram os diversos rankings nacionais e internacionais divulgados nos últimos anos.

CRESCIMENTO – Em 2010, o Paraná ocupava a quinta posição nacional, respondendo por 8,2% dos grupos de pesquisa ativos e por 7,9% dos pesquisadores brasileiros, com uma relação de 7,2 pesquisadores por grupo de pesquisa. A maioria dos grupos de pesquisa do Paraná está vinculada às instituições estaduais de ensino superior, sobretudo nas sete universidades estaduais. Para o secretário, “isso é o reflexo do investimento estadual na manutenção da infraestrutura e na expansão da graduação e pós-graduação.”

Os dados do trabalho mostram o crescimento significativo dos grupos de pesquisa e pesquisadores no Brasil no período apurado: de 11.760, em 2000, para 27.523 grupos, em 2010; e 66.804 para 205.445 pesquisadores. Os estados da Bahia (303%), Paraná (223%) e Santa Catarina (202,9%) foram os que obtiveram os maiores percentuais de crescimento de grupos de pesquisa, na última década, situando-se bem acima da média nacional (134%).

Em relação às áreas do conhecimento, os grupos das ciências agrárias têm a maior relação nacional de pesquisadores por grupo (9,5). Esta relação também é verificada no Paraná, com 8,8 pesquisadores por grupo.

Os números também mostram o forte desenvolvimento paranaense das áreas sociais aplicadas, linguística, letras e artes e humanas em detrimento das ciências biológicas e agrárias, áreas em que o Estado possui competências científicas e tecnológicas reconhecidas e que historicamente têm oferecido importantes contribuições para o desenvolvimento da sua atividade agroindustrial.

“Acreditamos que é pela atuação histórica das instituições de pesquisa e perfil de seus grupos que que será possível elaborar programas e projetos estratégicos para o desenvolvimento estadual, envolvendo as universidades, centros de pesquisa, governos e empresas”, afirma a pesquisadora e editora do boletim, Maria Elizabeth Lunardi.

Universidades estaduais – Em 2010, foi observado uma desconcentração geográfica e institucional dos grupos de pesquisa no Estado, agora presentes em suas 10 mesorregiões e distribuídos em 31 municípios. “É mais que o dobro dos municípios identificados em 2000”, afirma Maria Elizabeth. O número de instituições que abrigam os grupos também dobrou, passando para 32. Mas a região de Curitiba continua concentrando 70% dos grupos existentes no Estado.

“As regiões melhor posicionadas são aquelas em que se verifica ainda a existência de maior número de universidades, institutos de pesquisa, incubadoras, parques tecnológicos, empresas públicas de pesquisa, de serviços, agências de apoio e de fomento, reunindo assim, um conjunto de competências técnicas, científicas e de gestão necessárias à realização de projetos de pesquisa cooperativos”, afirma Maria Elizabeth.

Durante o período 2000-2010, o número de grupos e de pesquisadores apresentou um crescimento significativo de 223% e 272%, respectivamente. Embora crescendo a taxas menores que as duas universidades federais (271%), as sete estaduais paranaenses (257%) mantêm a liderança no número absoluto de grupos e pesquisadores.

O levantamento aponta que o grande aumento do número de grupos de pesquisa no estado foi uma consequência direta tanto da expansão da pós-graduação nas universidades estaduais, como do processo de desconcentração territorial das instituições de ensino e pesquisa federais, com a instalação de duas novas universidades, a da Fronteira Sul e a da Integração Latinoamericana; a instalação de novos campi da Universidade Tecnológica Federal do Paraná; e a organização do Instituto de Biologia Molecular do Paraná e do Instituto Carlos Chagas, esses últimos em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná.

Em relação às empresas, apesar de se constatar uma evolução em seus relacionamentos com as universidades, os resultados ainda são insuficientes para se avaliarem os impactos desta interação em sua capacidade inovativa, constatam os pesquisadores.

O estudo sugere que os empresários poderiam explorar mais acuradamente as informações constante no diretório de pesquisa do CNPq para a prospecção de novas oportunidades de negócios e o desenvolvimento de projetos com os grupos de pesquisa.

A equipe do projeto Indicadores sugere outros estudos, como por exemplo, analisar quais políticas de C,T&I implementadas nos estados mais avançados que poderiam espelhar ações em outras unidades da Federação; verificar como o aumento do número de grupos de pesquisa e de pesquisadores impactou a produção científica, a qualidade dos programas de pós-graduação e a criação de novas competências nos estados.

PROJETO – A publicação tem o objetivo de definir um conjunto de indicadores de ciência, tecnologia e inovação para o Estado do Paraná, utilizando bases de dados e metodologias que permitam a comparação com outros estados e países e faz parte do Projeto Sistema de Indicadores de C,T&I do Paraná.

Na edição inaugural (jul/dez 2011) do Boletim Indicadores C,T&I foram apresentados três levantamentos: captação estadual de recursos junto à Finep, a demografia de doutores e um perfil da pós-graduação no Paraná, com o número de cursos e alunos titulados.

O segundo número (jan/jun 2012) apresentou um levantamento sobre a avaliação da pós-graduação paranaense, segundo critérios da Capes.

Além dos grupos de pesquisa, na presente edição o leitor poderá conhecer os principais pontos da Lei Paranaense de Inovação (Lei n.o 17.334), sancionada pelo governo estadual no último dia 24 de setembro de 2012.

Este número do Boletim Indicadores de C,T&I está disponível no endereço eletrônico da secretaria: http://xoops.celepar.parana/migracao/seti/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=174