Teste de DNA detecta câncer infantil raro 25/04/2008 - 11:50

Cerca de 160 mil testes de DNA para detecção de um tipo raro de câncer em crianças e com grande incidência no Paraná já foram realizados pela equipe do Instituto Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba, como parte de um projeto apoiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), no valor de R$ 500 mil. Se detectado precocemente, através de um exame de DNA em recém-nascidos, o câncer de córtex adrenal ou câncer das glândulas supra-renais em crianças tem até 100% de chances de cura, de acordo com o coordenador da pesquisa, médico Bonald Figueiredo.  
Embora raro em outros países e em outros estados brasileiros, esse tipo de câncer tem uma incidência no Paraná entre 12 e 18 vezes maior do que a média mundial, e pode ou não ser herdado de um dos pais: se a mãe é paranaense, a chance de a criança apresentar a mutação no gene p53 é em torno de 1 em cada 1.500 casos. Durante a pesquisa desenvolvida pelo Instituto Pelé Pequeno Príncipe na Região Metropolitana de Curitiba, os exames de DNA foram oferecidos gratuitamente à população nas maternidades.
Hoje, cerca de 50% das crianças que têm o TCA (tumor de córtex adrenal) não sobrevivem porque o diagnóstico é feito tardiamente. Uma das medidas capazes de mudar essa realidade seria incluir o exame de DNA no Teste do Pezinho, que é obrigatório por lei em todo o território nacional, defende o médico Bonald Figueiredo. Em 2007, nenhuma das 150 mil crianças que nasceram no Paraná teve doenças genéticas como a Fenilcetonúria, responsável por retardo mental, detectada durante o tradicional Teste do Pezinho, compara. Se o câncer de córtex adrenal for diagnosticado, a criança deverá se submeter a cirurgia e receber acompanhamento até os 15 anos de idade.
DNA
O exame de DNA em recém-nascidos é fundamental para a identificação de crianças que poderão desenvolver a doença e também para descobrir os fatores genéticos e ambientais que interagem para produzir o câncer de córtex adrenal. Segundo o médico Bonald Figueiredo, a mutação também ocorre no Estado de São Paulo, mas em menor escala, e praticamente não existe nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por isto, um amplo estudo e mapeamento do Estado do Paraná que utiliza a tecnologia da geomedicina vem sendo realizado com a finalidade de aprofundar as pesquisas na área e verificar se algum elemento do meio ambiente está influindo na contaminação da água ou dos alimentos.